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domingo, 26 de dezembro de 2010

Vamos Fazer dinheiro

(Alemanha, 2008, 108min. - Direção: Erwin Wagenhofer)

Documentário de altíssimo nível, essencial para se entender o mundo em que vivemos pela ótica financeira internacional. Dos mesmos criadores do documentário "We Feed the World".

Apesar de todo o velho discurso feito pelos neoliberais de que a globalização traria benefícios para todos os países ajudando a diminuir a pobreza no 3° Mundo, o que viu-se de fato foi em geral aumento desenfreado da miséria, onde o salário de um indivíduo geralmente mal cobre uma pobre subsistência.

O documentário mostra as chamadas "economias emergentes" por dentro, na visão de grandes investidores, bem como o cotidiano miserável dos homens, mulheres e crianças trabalhadoras nesses países.

Mostra também as idéias do Consenso de Washington, responsável pelas políticas liberais que moldaram nosso mundo econômico atual, assim como os mecanismos de colonização moderna como o FMI e Banco Mundial, perpetuando a injusta dívida dos países mais pobres em troca de suas riquezas. Explica o que são os paraísos fiscais, por onde passa a maioria do capital financeiro para encobrir os donos corruptos.

John Perkins, antigo assassino de economias, que também já apareceu aqui no documentário "The War on Democracy", explica detalhadamente como era o seu ofício de levar as riquezas de países de 3° Mundo, sob a supervisão das instituições internacionais.

Passa ainda pela miséria que aflora nos EUA e pelas raízes da crise econômica espanhola causada pela bolha imobiliária.

"Na privatização, a sociedade é privada de um determinado bem ou serviço público no qual um investidor está interessado por razões de lucro."

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sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Redes Sociais - O grande irmão nu

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Redes Sociais - O grande Irmão

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Redes Sociais - Nós Agora

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Redes Sociais - Augusto de Franco

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A inveja, segundo São Tomaz de Aquino

Por São Tomás de Aquino

As filhas da inveja




De Malo, questão 10, artigo 3 - A inveja é pecado capital. As filhas da inveja (murmuração, detração, ódio, exultação pela adversidade, aflição pela prosperidade)

Como dissemos acima, vícios capitais são aqueles que, a título de causa final, geram outros vícios. Ora, o fim tem caráter de bem e, do mesmo modo, a vontade tende ao bem e à fruição do bem, que é o prazer. Por isso, assim como a vontade é movida a agir pelo bem é também movida pelo prazer.

e-se também considerar que, assim como o bem é o fim do movimento volitivo de perseguir [prosecutio: tender a um bem para obtê-lo], assim também o mal é o fim do movimento volitivo que é o fugir: do mesmo modo como alguém que quer obter um bem, persegue-o; assim também quem quer evitar um mal, foge dele. E como o prazer é a fruição de um bem, assim também a tristeza é um certo termo do mal que oprime o ânimo. O homem que repudia a tristeza é levado a fazer muitas coisas para afastar a tristeza ou as coisas que inclinam à tristeza.

Ora, sendo a inveja uma tristeza pela glória de outro, considerada como um certo mal, segue-se que, movido pela inveja, tenda a fazer coisas contra a ordem moral para atingir o próximo e, assim, a inveja é vício capital.

Nesse impulso da inveja, há princípio e termo final. O princípio é precisamente impedir a glória alheia, que é o que entristece o invejoso, e isto se faz diminuindo o bem do outro ou falando mal dele: disfarçadamente, pela murmuração [sussurratio, fofoca], ou abertamente, pela detração.

Já o termo final da inveja pode ser considerado de dois modos: um primeiro diz respeito à pessoa invejada e, nesse caso, o impulso da inveja termina, por vezes, em ódio, isto é, o invejoso não só se entristece pela superioridade do outro, mas, mais do que isso, quer seu mal sob todos os aspectos.

De um outro modo, o termo final desse impulso pode ser considerado por parte do próprio invejoso, que se alegra quando consegue obter o fim que intentava: diminuir a glória do próximo e, assim, se constitui esta filha da inveja que é a exultação pela adversidade do próximo. Mas, quando não consegue obter seu propósito - o de impedir a glória do próximo -, então se entristece: é a filha da inveja chamada aflição pela prosperidade do próximo.

[1] Trechos do livro Tomás de Aquino – Sobre o Ensino (De Magistro) & Os Sete Pecados Capitais, São Paulo, Martins Fontes, 2001.

domingo, 19 de dezembro de 2010

sábado, 18 de dezembro de 2010

O império afia os instrumentos de tortura

18/12/2010

por Pepe Escobar, Asia Times Online

Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu

Oh! Não se usam mais espiões atualmente! É profissão extinta. Os jornais fazem hoje, o mesmo servicinho. [Oscar Wilde, An Ideal Husband, Ato III[1]]

“Ele não voltará à cela onde um dia esteve Oscar Wilde.”

De fato, não voltou. Mas mal sabia Mark Stephens, um dos advogados de Julian Assange, que ainda se passariam angustiosas três horas de idas e vindas, antes de que seu cliente saísse das Cortes Reais de Justiça, no centro de Londres, afinal, homem livre. Foi como se Assange, fundador de WikiLeaks, emergindo do silêncio das sombras para a algaravia proverbialmente frenética da mídia, já soubesse que a verdadeira guerra começa agora – e nada tem a ver com fãzocas enciumadas, camisinhas com defeito e “sexo por surpresa”.

Eis o trecho chave da breve declaração que Assange leu imediatamente depois de novamente respirar o ar de Londres. Disse ele: “Preso numa cela solitária no fundo de uma prisão vitoriana, tive tempo para refletir sobre as condições em que tantos vivem confinados, em todo o mundo, em celas solitárias, e que lá continuam, em condições muito mais difíceis do que as que enfrentei. Todas essas pessoas precisam da atenção e do apoio de vocês.”

Em outras palavras: prestem imediata e total atenção ao que o governo dos EUA está fazendo a Bradley Manning, o soldado de 22 anos acusado ter vazado centenas de milhares de telegramas para WikiLeaks. Manning continua preso em cela solitária, no quartel da Marinha dos EUA em Quantico, Virginia, já há cinco meses. Não foi julgado nem condenado. Em artigo devastador publicado em Salon, Glenn Greenwald diz que Manning sobrevive em condições “que caracterizam tratamento cruel e desumano e que, pela lei de várias nações, configuram tortura.” [2]

Foi o modo tenso que Assange encontrou para dizer ao mundo: Big Brother está de olho em vocês. O que estão fazendo a Manning querem fazer comigo e, metaforicamente, com todos que creiam na liberdade de informação.

Pede pra sair, vazador[3]

Para grande horror do imperador, WikiLeaks continua na luta, de agora em diante confortavelmente instalada numa vasta e remota casa de campo, Ellingham Hall, para onde Assange foi mandado sob fiança, entre Norfolk e Suffolk. Assange será convidado de honra do ex-capitão Vaughan Smith do exército britânico, além de fundador do Clube Frontline de jornalistas em Londres, onde Assange já morou por algum tempo.

Como o porta-voz de WikiLeaks spokesman Kristinn Hrafnsson esclareceu, a banda larga é boa. E isso é tudo de que todos os membros de WikiLeaks que “nunca estiveram no lugar de Assange” precisam. E assim Assange vai-se convertendo no mais conhecido prisioneiro político em todo o mundo.

Agora todo mundo sabe, graças ao blogueiro advogado Carl Gardner, que quem de fato se opôs à libertação sob fiança de Assange na 3ª-feira passada foram os procuradores da coroa britânica – não os suecos (tecnicamente, segundo o art. 12 da legislação europeia [ing. European Arrest Warrant], a procuradoria sueca também declarou que permanece aberta a via legal para que Assange seja extraditado para outros países da União Europeia).

Com tudo isso, aumentou em todo mundo a suspeita de que o Reino Unido estava usando o novelão sueco da camisinha defeituosa/“sexo por surpresa” como pretexto para manter Assange em cela solitária, sem seu computador, durante 23 horas e 30 minutos por dia, sob vigilância ininterrupta de câmaras de lentes infravermelhas, até que “o relacionamento especial” com os EUA gere alguma acusação recém-inventada que possibilite outra ordem de extradição.

Na quinta-feira, antes de assinar a liberdade condicional de Assange, o juiz britânico Duncan Ouseley reconheceu um ponto crucial: que Assange cooperou com os suecos, e até que estava convencido de que, na Suécia, havia forte probabilidade de que Assange sequer tivesse sido preso. Antes, no mesmo dia, o advogado de Assange, Stephens, dissera que “Ainda não tratamos da questão da ação legal dos EUA, se é possível ou não.”

Bem, melhor que tratem logo de tratar disso, e rápido. Mesmo que uma possível acusação pelos EUA de “conspiração” não tenha equivalente no Reino Unido. E, isso, para não falar que os EUA não têm jurisdição nos locais onde talvez tenham ocorrido esses ‘crimes’, que só são crimes nos EUA. Só os mortalmente ingênuos acreditam que o Departamento de Justiça dos EUA não ordenou ao governo sueco que mobilizasse a Interpol para obter um mandato de prisão à velocidade da luz, associado à saga melosa da camisinha defeituosa/“sex por surpresa”.

Em toda a extensão do país das liberdades, o imperador move seus canhões contra a China (pode-se dizer que todos os imperadores se parecem), censurando os métodos de censurar a internet – e a televisão – para ver se soterra, sob uma montanha de esquecimento, todos os telegramas. Alguns dos métodos dos EUA são dignos dos Três Patetas: a Força Aérea dos EUA bloqueou dos próprios computadores, tudo que tenha a ver com “cablegate”; o Pentágono proibiu tudo, inclusive ler jornais!

Alguns métodos são ligeiramente mais refinados. Assange foi escolhido “Personalidade do Ano”, em pesquisa entre os leitores da revista Time. Mas os editores em nenhum caso teriam colhões para respeitar a opinião pública, se isso enfurecesse ainda mais o imperador. Passaram então o prêmio para um autista abobalhado que inventou o Facebook porque levou um fora da namorada.

Para Barbara Walters, endeusada nos EUA como uma espécie de Hera dos entrevistadores de televisão, Assange não passa de “criminoso limítrofe”; não fosse assim, nunca mais ganharia nem um “oi” de Hillary Clinton. Bill Keller, editor-chefe do New York Times, teve estômago para escrever que: “Concordamos de todo o coração com a ideia de que a transparência não é bem absoluto. A liberdade de imprensa inclui a liberdade de não publicar, e essa é uma liberdade que exercemos com alguma regularidade”. Keller, considerado jornalista, na prática só deseja não ter de publicar coisa alguma que tenha a ver com “cablegate”. Já disse, com todas as letras, que, para o New York Times, é função da imprensa zelar pelos segredos do governo.

Nos remotos tempos dos sovietes havia o Pravda; agora, o Pravda mora em Nova Iorque e é escrito em inglês [4]. E, cereja do bolo, temos o governo de Barack Obama, Prêmio Nobel da Paz, que lançou todos os cães de uma blitzkrieg extrajudicial contra WikiLeaks. O fato de que WikiLeaks não feriu nenhuma lei norte-americana é, claro, irrelevante. O imperador carece desesperadamente exibir um exemplo: vejam o que acontece com quem desafia o desejo do imperador. Mas não se pode dizer que a estratégia do Departamento de Justiça dos EUA incorpore exatamente o imperativo categórico de Kant. Tentarão de tudo, possível e impossível, para obrigar Manning a depor contra Assange –, para, depois, acusarem Assange de crime de conspiração no “cablegate” e nos vazamentos de arquivos do Iraque e do Afeganistão.

RESUMO: o governo Obama obra para criminalizar o jornalismo investigativo. Criminalizar o bom jornalismo. Ponto. O professor de Direito de Yale Jack Balkin já disse que “a teoria da conspiração também ameaça os jornalistas tradicionais”. E tudo isso, por aplicação de uma lógica tortuosa digna da era Bush: “OK, fazemos um acordo com o americano imbecil que vazou aquela merda. Depois pegamos o estrangeiro imbecil que pôs aquela merda na internet”. O governo dos EUA prepara-se para meter WikiLeaks na câmara de tortura. Começarão com a tortura do semiafogamento. Todos estamos ameaçados de morte.

Fonte:http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/pepe-escobar-o-imperador-afia-os-instrumentos-de-tortura.html

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

A construção do mito Assange

Por Washington Araújo em 14/12/2010


Digam o que disserem, esperneiem como quiserem, tomem as medidas mais tradicionais e também as mais estapafúrdias possíveis para amordaçá-lo, retenham seus movimentos, a verdade é que se existe alguém, nos dias que correm, melhor antenado com a ideia de cidadania para além das fronteiras puramente nacionais, esse alguém é um australiano com seus incompletos 40 anos de idade.

Não me precipito ao afirmar que estamos vendo a construção de um mito. É corrente que mitos são importantes porque representam uma imagem de sucesso e glória que todo mundo almeja, mas é também evidente que a aura do mito transcende sua obra. Mitos não são criados por serem explicáveis, são idolatrados. Mitos tendem sempre a valorizar determinada característica humana vista sob enfoque bastante positivo. É a passagem do tempo que confere ao mito a percepção de alguém ou de algo que ultrapassa seu valor real, intrínseco e passa a referir todo o conjunto de virtudes humanas.

Os elementos constitutivos para a criação de um mito podem ser ruins ou bons para a verdade. Mas a verdade é sempre factual quando se trata de esquadrinhar a pessoa humana e, no fundo, quem torna mito alguém é a trajetória percorrida por esse alguém. A trajetória do homem-que-se-torna-mito tem relação quase sempre direta de escolhas e estratégias adotadas durante o caminho de mitificação, seja na falsificação ou na comprovação de sua excelência.

Julian Assange parte da premissa que sua criatura – o WikiLeaks – "publica sem medo fatos que precisam ser tornados públicos". Notem que a atividade principal de sua criatura é publicar e sua principal característica abarca um sentido de urgência e de necessidade: "Fatos que precisam ser tornados públicos". Não esqueçamos do destemor, da ousadia e do passo à frente simbolizado pelas palavras "sem medo". É aqui que começa a atividade maior de Julian Assange: ele sabe o que quer fazer, o que sente que deve ser feito e está consciente dos riscos envolvidos. E porque se sente investido de lutar por algo em que acredita, alcança com inédita velocidade essa aura de benfeitor, de quem consegue reanimar antigas utopias humanas, como essa da busca da verdade, verdade que deve ser alcançada a qualquer custo. Mesmo que sempre... no limite.

Liberdade de expressão

Para nossa grande imprensa, que tem elegido a defesa da liberdade de expressão com aquele ardor digno dos seguidores de Antonio Conselheiro no episódio de Canudos, soa patético que não conheçamos nenhum editorial inflamado em defesa de Assange e contra sua prisão, aparentemente causada por suas peripécias sexuais na Suécia e que incluem até uma obscura história de estupro. Qualquer biscoito (cookie, em inglês), além de qualquer cidadão norte-americano medianamente informado e mesmo qualquer dona de casa alemã que assine Der Spiegel, sabe muito bem que sua prisão tem tudo a ver com os transtornos que o WikiLeaks vem causando à imagem e às relações de Washington com governos do resto do mundo.

Não se exigirá mestrado ou doutorado em Comunicação, conferido por Cambridge ou por Harvard, para que não tarde a que a história da diplomacia no século 21 venha a ser ensinada em dois períodos de tempo distintos: antes e depois dos wikileaks.

Julian Assange assume que "qualquer governo corre o risco de ser corrompido caso não seja vigiado cuidadosamente". Até aqui, nada demais, porque data de muito longe o ditado de que "o poder corrompe". E o que exerce o poder em uma sociedade? Primeiramente, o governo. Uma coisa é inferir sabedoria popular, geralmente fundada na experiência dos antigos. Mas agora a coisa é bem diferente. A novidade é que esse axioma acaba de ser comprovado cientificamente em um trabalho de pesquisadores da renomada Kellogg School of Management, nos Estados Unidos. Foi após uma série de testes comportamentais com voluntários que ficou evidenciada a forma como o poder costuma, em geral, mudar as pessoas para pior.

Em testes, os poderosos não só trapaceavam mais, não só usavam os mais sórdidos golpes, aqueles bem abaixo da linha da cintura, como também se mostravam mais hipócritas ao se desculpar por atitudes que condenavam nos outros. Neste contexto, vale conferir a afirmação do psicólogo social Adam Galinsky, professor de Ética e Decisões em Gerência da Kellogg School of Management e um dos autores do estudo, quando diz que "os poderosos acreditam que devem ser excluídos de certas regras".

A propósito, é isso o que precisamente vem acontecendo se considerarmos as reações de Washington aos wikileaks. Quem não lembra que há apenas um ano, em resposta a ações do governo da China contra o Google, a secretária de Estado americana Hillary Clinton fez apaixonado discurso em defesa da liberdade de expressão na internet? A senhora Clinton não parou por aí. Foi além: "Mesmo em países autoritários, governados por ditadores, redes de informação têm ajudado pessoas a descobrir novos fatos e feito governos mais transparentes". Seria patético, não fosse apenas ridículo, o uso contumaz de dois pesos e duas medidas quando autoridade política trata de atacar governo estrangeiro que é acometido por sua própria enfermidade.

Documentos secretos

Julian Assange se expressa com clareza quando o assunto é a sua entidade WikiLeaks. Sabendo que tem gente que acredita ser ele um pacifista nato, totalmente avesso às guerras, ele trata logo de desfazer o "piedoso engano":

"As pessoas afirmaram que sou antiguerra: que fique registrado, eu não sou. Algumas vezes, nações precisam ir à guerra e simplesmente há guerras. Mas não há nada mais errado do que um governo mentir à sua população sobre estas guerras e então pedir a estes mesmos cidadãos que coloquem suas vidas e o dinheiro de seus impostos a serviço dessas mentiras. Se uma guerra é justificável, então diga a verdade e a população dirá se deve apoiá-la ou não."

Há um quê de quixotesco no pensamento e na ação de Assange quando vemos quão distante ele se encontra da realpolitik. Não será a política o campo para a dissimulação, para vestir de significado novo velhas ações, para utilizar todos os meios ao alcance com o intuito de conquistar esta ou aquela vitória política? Não foi o Departamento de Estado dos EUA que buscou negociar com o primeiro-ministro da Eslovênia um encontro com o presidente Barack Obama desde que a Eslovênia aceitasse, em troca, receber um preso de Guantánamo?

Por extensão, seria equivocado inferir que o mundo da política internacional é o vale-tudo cotidiano entre os que tudo podem e os que pouco podem? E, por acaso, já não intuíamos isso? Claro! O que o WikiLeaks faz é retirar das relações diplomáticas mantidas pelos EUA com outros países o benefício da dúvida. E, em caso de dúvida, se existe uma arena em que a ultrapassagem é quase sempre certa é a da política internacional.

O que existia de fato para justificar a guerra no Iraque? Dúvidas. Apenas dúvidas sobre a existência de armas de destruição em massa no Iraque governado por Saddam Hussein. Devo registrar que não é de hoje que o WikiLeaks divulga documentos secretos. Isso é feito há anos. Mas só ganhou destaque internacional em 2010, com três vazamentos: (1) publicou um vídeo confidencial, feito por um helicóptero americano, que parece mostrar um ataque contra dois funcionários da agência de notícias Reuters e outros civis; (2) tornou públicos 77 mil arquivos de inteligência dos EUA sobre a guerra do Afeganistão; e, (3) divulgou mais 400 mil arquivos expondo ataques, detenções e interrogatórios no Iraque.

"O melhor dos desinfetantes"

Se o jornalismo tradicional – aquele que é impresso em jornais e revistas, que é ouvido nas rádios e assistido nos telejornais – constrói sua versão da realidade tendo como ponto de partida apenas uma ou duas peças do quebra-cabeça, e sobre estas cobre o restante da imagem com a opinião de seus colunistas e comentaristas, quase sempre de política ou de economia, o WikiLeaks arroga para si o mérito de realizar jornalismo científico, aquele que opera com outros suportes de mídia para trazer as notícias para as pessoas, "mas também para provar que essas notícias são verdadeiras". E como faz isso? Com a palavra Julian Assange:

"O jornalismo científico permite que você leia as notícias, e então clique num link para ver o documento original no qual a notícia foi baseada. Desta maneira você mesmo pode julgar: esta notícia é verdadeira? Os jornalistas a reportaram de maneira precisa?"

Infelizmente, o governo norte-americano, diante do escrutínio público de menos de 5% do material que ainda deve ser revelado, ao invés de fazer uma inadiável releitura de sua política internacional, de seus pressupostos e de suas atividades bastante heterodoxas, estará, neste momento, planejando novas estratégias, esquemas e modus procedendis para cobrir de sigilo (e suspeição) o que sempre fez: tudo é permissível para alcançar seus fins políticos, econômicos e financeiros – e isto inclui o direito de não precisar prestar contas a ninguém. O WikiLeaks ajudou a rasgar as duas pontas da capa que lhe encobria as vergonhas e reduziu a pó sua autoafirmação de que seu governo constituía a única e inatacável fonte da autoridade moral do planeta. Não mais.

A sociedade, os governos e a imprensa serão melhores com Julian Assange?

Acredito que sim. E por várias razões, dentre as quais destaco que seu WikiLeaks entrega um espelho a cada diplomata para que possa aferir o grau de sinceridade e também de hipocrisia de suas ações. O WikiLeaks abre imensa clareira no cipoal de boas intenções que costumam vicejar nas relações entre governos e apenas camuflam os objetivos reais da diplomacia de uma nação sobre outra, e fica mais evidente quando joga pesados fachos de luz sobre a nação que se apresenta como a mais rica do planeta, a mais equipada militarmente, a mais influente politicamente. E a imprensa passa a ter a oportunidade raríssima de tirar a prova dos noves sobre seu alinhamento automático a qualquer governo, bem como sobre sua postura ácida e crítica às ações de qualquer governo.

Há quase um século, o juiz americano Louis Brandeis disse que "a luz do sol é o melhor dos desinfetantes". Se vivo fosse, talvez dissesse o mesmo com outro enunciado: "O trabalho do WikiLeaks é o melhor dos desinfetantes."

fonte: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=620IMQ002

'Prepare for all-out cyber war'

Government sites braced for attack by pro-WikiLeaks 'hacktivists'

By Cahal Milmo and Nigel Morris


Tuesday, 14 December 2010

Whitehall is preparing for a crippling attack on government websites as evidence mounts that the backlash against the arrest of the WikiLeaks founder Julian Assange is rapidly growing into a mass movement that aims to cause widespread disruption on the internet.


A guerra cibernética não será de Estado contra Estado, mas sim dos cidadãos do mundo contra o Estado

Comunicado do WikiLeaks

Este comunciado oficial foi publicado na noite de ontem pela organização.

“A divulgação do Cablegate pelo Wikileaks está sendo usada por centenas de canais jornalísticos e grupos de ativistas ao redor do mundo.

Existem agora mais de 1.300 telegramas em domínio público, e outros centenas de milhares estão para ser divulgados.

Como em toda história dessa magnitude, o caso está sendo usado tanto por governos quanto por jornalistas: o governo iraniano condenou a Wikileaks como uma organização de fachada dos Estados Unidos; os governos da China e da Rússia sugeriam que Julian Assange fosse premiado com o Nobel, enquanto Israel recebeu bem as notícias do Oriente Médio que revelam como muitas nações compartilham receios a respeito do regime nuclear do Irã.

Alguns dos jornalistas, governos e ativistas que estão escrevendo sobre o material dos telegramas das embaixadas têm percepções extremas sobre vários assuntos. Essas percepções não são as percepções do Wikileaks.

A Wikileaks é uma organização dedicada à transparência e à prestação de contas, e a permitir que whistleblowers (informantes) possam fazer com que governos e corporações prestem contas sobre o que fazem de errado.

Esse é o único propósito da Wikileaks, que vamos continuar a buscar incansavelmente”.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Democracia, transparencia e liberdade

WikiLeaks - Nos bastidores, o lobby pelo pré-sal

Natalia Viana Em parceria com CartaCapital, conteúdo do WikiLeaks em primeira mão

by Natalia Viana| 11 Comentários

“A indústria de petróleo vai conseguir combater a lei do pré-sal?”. Este é o título de um extenso telegrama enviado pelo consulado americano no Rio de Janeiro a Washington em 2 de dezembro do ano passado.

Como ele, outros cinco telegramas a serem publicados hoje pelo WikiLeaks mostram como a missão americana no Brasil tem acompanhado desde os primeiros rumores até a elaboração das regras para a exploração do pré-sal – e como fazem lobby pelos interesses das petroleiras.

Leia matéria na integra

Departamento de Estado americano alerta alunos a não debaterem o WikiLeaks nas redes sociais

Um oficial do Departamento de Estado americano (equivalente ao Ministério de Relações Exteriores) avisou aos alunos da Columbia University’s School of International and Public Affairs (uma espécie de relações internacionais), esta semana, que discutir assuntos ligados ao site WikiLeaks no Facebook ou Twitter poderia prejudicar suas aspirações profissionais.
O oficial, um ex-estudante da universidade, chamou seu escritório de serviços de carreira para aconselhar que os alunos não postem links que levem a documentos revelados pelo WikiLeaks ou façam comentários nas redes sociais sobre o assunto, pois “envolver-se neste tipo de atividade poderia por em questão a habilidade do estudante em lidar com informações confidenciais, o que faz parte da maior parte dos cargos no governo federal”, disse ele em email enviados aos alunos.
Leia matéria na integra

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Julian Assange: A verdade ganhará sempre

7/12/2010

A WikiLeaks cunhou um novo tipo do jornalismo: o jornalismo científico. Trabalhamos com outros serviços informativos para trazer as notícias às pessoas, mas também para provar que é verdade. Por Julian Assange, publicado no The Australian

por Julian Assange, no The Australian, via Esquerda.net
Traduzido por Paula Sequeiros para o Esquerda.net*

Em 1958 o jovem Rupert Murdoch, então proprietário e editor de The News de Adelaide, escreveu: “na corrida entre segredo e verdade, parece inevitável que a verdade ganhe sempre”.

A sua observação talvez reflectisse a revelação do seu pai, Keith Murdoch, de que as tropas australianas estavam a ser sacrificadas desnecessariamente nas costas de Gallipoli por comandantes britânicos incompetentes. Os britânicos tentaram calá-lo, mas Keith Murdoch não se deixou silenciar e os seus esforços levaram ao fim da campanha desastrosa de Gallipoli.

Quase um século depois, a WikiLeaks está também a publicar destemidamente factos que precisam de ser publicados.

Cresci numa cidade rural de Queensland, onde as pessoas diziam o que lhes ia na alma de forma franca. Desconfiavam dum governo grande, como algo que pode ser corrompido se não for vigiado cuidadosamente. Os dias negros da corrupção no governo de Queensland, antes do inquérito Fitzgerald, são testemunho do que acontece quando os políticos amordaçam os meios de comunicação para não informarem a verdade.

Essas coisas calaram-me fundo. A WikiLeaks foi criada em torno desses valores centrais. A ideia, concebida na Austrália, era usar tecnologias Internet em novas formas de informar a verdade.

A WikiLeaks cunhou um novo tipo do jornalismo: o jornalismo científico. Trabalhamos com outros serviços informativos para trazer as notícias às pessoas, mas também para provar que é verdade. O jornalismo científico permite-nos ler uma história nas notícias, a seguir clicar online para ver o documento original em que é baseada. Dessa forma podemos ajuizar por nós mesmos: a história é verdadeira? O jornalista informou-nos com precisão?

As sociedades democráticas precisam de meios de comunicação fortes e a WikiLeaks é uma parte desses meios. Os meios de comunicação ajudam a que o governo se mantenha honesto. A WikiLeaks revelou algumas verdades difíceis sobre as guerras do Iraque e do Afeganistão e sobre histórias incompletas da corrupção corporativa.

Houve quem dissesse que sou anti-guerra: para que conste, não sou. Às vezes as nações têm de ir à guerra, e há guerras justas. Mas não há nada mais errado do que um governo mentir ao seu povo sobre essas guerras e depois pedir a esses mesmos cidadãos e cidadãs que arrisquem as suas vidas e os seus impostos com essas mentiras. Se uma guerra for justificada, então digam a verdade e as pessoas decidirão se a apoiam.

Se você tiver lido alguns dos diários de guerra do Afeganistão ou do Iraque, algum dos telegramas da embaixada dos Estados Unidos ou alguma das histórias sobre as coisas que a WikiLeaks reportou, pondere como é importante para todos os meios de comunicação serem capazes de informar estas coisas livremente.

A WikiLeaks não é o único editor dos telegramas da embaixada dos Estados Unidos. Outros serviços informativos, incluindo o britânico The Guardian, o The New York Times, o El Pais em Espanha e a Der Spiegel da Alemanha publicaram os mesmos telegramas editados.

Mas é a WikiLeaks, como coordenador desses outros grupos, que apanhou com os ataques e acusações mais maldosos do governo dos Estados Unidos e dos seus acólitos. Fui acusado de traição, embora seja australiano, não um cidadão dos EUA. Houve dúzias de apelos graves nos EUA para que eu fosse “retirado” por forças especiais dos Estados Unidos. Sarah Palin diz que devo ser “acossado como Osama bin Laden”, um projecto de lei republicano apresenta-se ao Senado dos Estados Unidos tentando que me declarem “uma ameaça transnacional” e se desembaracem de mim consequentemente. Um conselheiro do gabinete do Primeiro-Ministro canadiano apelou à televisão nacional para que eu fosse assassinado. Um blogger americano pediu que o meu filho de 20 anos, aqui na Austrália, fosse raptado e mal-tratado por mais nenhuma razão senão para apanharem-me.

E os australianos devem observar sem qualquer orgulho a alcoviteirice ignominiosa desses sentimentos pela Primeira-Ministra Gillard e pela Secretária de Estado dos Estados Unidos Hillary Clinton, que não tiveram uma palavra de crítica para com os outros meios de comunicação. Isto acontece porque o The Guardian, o The New York Times e a Der Spiegel são antigos e grandes, enquanto a WikiLeaks é ainda jovem e pequena.

Somos os da mó de baixo. O governo de Gillard está a tentar matar o mensageiro porque não quer a verdade revelada, incluindo a informação dos seu próprios feitos diplomáticos e políticos.

Houve alguma resposta do governo australiano às numerosas ameaças públicas de violência contra mim e outro pessoal da WikiLeaks? Poder-se-ia ter pensado que um primeiro-ministro australiano iria defendendo os seus cidadãos contra tais coisas, mas houve apenas reclamações não inteiramente genuínas de ilegalidade. Da Primeira-Ministra, e especialmente do Procurador-Geral, espera-se que tratem os seus deveres com dignidade e acima das querelas. Fiquem descansados, esses dois vão tratar de salvar a sua própria pele. Não o farão.

Sempre que a WikiLeaks publica a verdade sobre abusos cometidos por agências dos Estados Unidos, os políticos australianos entoam um coro provavelmente falso com o Departamento de Estado: “Vai arriscar vidas! Segurança nacional! Vai pôr as tropas em perigo!” Depois dizem que não há nada importante no que a WikiLeaks publica. Não podem ser verdade ambas as coisas. Qual delas é?

Não é nenhuma. A WikiLeaks tem uma história de publicação com quatro anos. Durante esse tempo mudámos governos inteiros, mas nem uma pessoa, que se saiba, foi mal-tratada. Mas os EUA, com a conivência do governo australiano, mataram milhares só nestes últimos meses.

O Secretário da Defesa dos Estados Unidos Robert Gates admitiu numa carta ao Congresso dos EUA que nenhuma fonte de informação ou métodos sensíveis tinham ficado comprometidos pela revelação dos diários de guerra afegãos. O Pentágono afirmou que não houve nenhuma prova de que os relatórios da WikiLeaks tinham levado alguém a ser mal-tratado no Afeganistão. A NATO em Cabul disse à CNN que não pôde encontrar nem uma pessoa que precisasse de protecção. O Departamento Australiano de Defesa disse o mesmo. Nenhuma tropa australiana ou fontes foram prejudicadas por nada que tivéssemos publicado.

Mas as nossas publicações estão longe de não ser importantes. Os telegramas diplomáticos dos Estados Unidos revelam alguns factos alarmantes:

– Os EUA pediram aos seus diplomatas que roubassem material humano pessoal e informação a funcionários da ONU e a grupos de direitos humanos, incluindo ADN, impressões digitais, exames de íris, números de cartão de crédito, senhas de Internet e fotos de identificação numa violação de tratados internacionais. Os diplomatas australianos da ONU presumivelmente podem ser visados também.

– O rei Abdullah da Arábia Saudita pediu que os representantes dos Estados Unidos na Jordânia e no Bahrain exigissem que o programa nuclear do Irão fosse detido por qualquer meio disponível.

– O inquérito britânico sobre o Iraque foi ajustado para proteger os “interesses dos Estados Unidos”.

– A Suécia é um membro encoberto da NATO e a partilha de informação de espionagem é escondida do parlamento.

– Os EUA estão a jogar duro para conseguir que outros países recebam detidos libertados da Baía Guantánamo. Barack Obama aceitou encontrar-se com o Presidente Esloveno apenas se a Eslovénia recebesse um preso. Ao nosso vizinho do Pacífico Kiribati foram oferecidos milhões de dólares para aceitar detidos.

Na sentença que se tornou um marco sobre o caso dos Documentos do Pentágono, o Supremo Tribunal dos Estados Unidos disse que “só uma imprensa livre e sem restrições pode expor eficazmente as fraudes do governo”. A tempestade que gira hoje em volta da WikiLeaks reforça a necessidade de defender o direito de todos os meios de comunicação a revelar a verdade.

Julian Assange é redactor-chefe da WikiLeaks.

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O Esquerda.net decidiu responder positivamente ao apelo da Wikileaks e pôs à disposição da organização dirigida por Julian Assange um servidor para alojar um espelho (mirror) do site. Este espelho será uma cópia do site Wikileaks, e será administrado pela sua equipa, não tendo a redacção do Esquerda.net qualquer interferência ou acesso ao seu conteúdo.

Desde que começou a divulgar os telegramas de embaixadas americanas em todo o mundo, naquilo que já é conhecido como o Cablegate, o site da Wikileaks sofreu ataques do tipo “denial of service” para tentar bloqueá-lo, e um ataque mais real pepetrado pelas empresas Amazon e EveryDNS.net, que acabaram com o domínio principal do site, o wikileaks.org.

Fonte: http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/julian-assange-a-verdade-ganhara-sempre.html

Manuel Castells: “O poder tem medo da internet"

Segundo o Social Sciences Citation Index o sociólogo espanhol Manuel Castells foi o quarto cientista social mais citado no mundo no período 2000-2006 e o mais citado acadêmico da área de comunicação, no mesmo período.

Poucos pensadores em todo o mundo estudaram a sociedade da informação com tanta profundidade quanto Castells. A sua trilogia A era da informação já foi traduzida para 23 línguas, e já se transformou numa obra de leitura obrigatória nas faculdades de comunicação social em todo o mundo.

Ano passado (Janeiro de 2008), Castells concedeu uma entrevista à jornalista Milagros Pérez Oliva, do periódico espanhol El País, onde ele fala sobre uma das pesquisas mais recentes desenvolvidas por ele. O Projeto Internet Cataluña, em que durante seis anos analisou, com 15 mil entrevistas pessoais e 40 mil pela internet, as mudanças que a Internet introduz na cultura e na organização social.


Na entrevista que se segue ele sustenta, com sua genialidade costumeira, que o poder tem medo da internet e mostra ainda como as novas tecnologias da web social distanciam cada vez mais a política da cidadania.

Eis a entrevista.

El País - Esta pesquisa mostra que a Internet não favorece o isolamento, como muitos acreditam, mas que as pessoas que mais usam o chat são as mais sociais.

Castells – Sim. Para nós não é nenhuma surpresa. A surpresa é que esse resultado tenho sido uma surpresa. Há pelo menos 15 estudos importantes no mundo que dão esse mesmo resultado.




El País – Por que acredita que a idéia contrária se estendeu com tanto sucesso?

Castells - Os meios de comunicação tem muito a ver. Todos sabermos que as más notícias são mais notícia. Você utiliza a Internet e seus filhos, também. Mas é mais interessante acreditar que ela está cheia de terroristas, de pornografia… Pensar que é um fator de alienação é mais interessante do que dizer: A Internet é a extensão da sua vida. Se você é sociável, será mais sociável; se não é, a Internet lhe ajudará um pouquinho, mas não muito. Os meios são um certo modo de expressão do que pensa a sociedade: a questão é por que a sociedade pensa isso.

El País - Porque tem medo do novo?

Castells - Exatamente. Mas medo de quem? A velha sociedade tem medo da nova, os pais dos seus filhos, as pessoas que têm o poder ancorado num mundo tecnológico, social e culturalmente antigo do poder que lhes abalroa, que não entendem nem controlam e que percebem como um perigo. E no fundo é mesmo um perigo. Porque a Internete é um instrumento de liberdade e de autonomia, quando o poder sempre foi baseado no controle das pessoas por meio do controle da informação e da comunicação. Mas isto acaba. Porque a Internet não pode ser controlada.

El País - Vivemos numa sociedade onde a gestão da visibilidade na esfera pública midiática, como a define John J. Thompson, se converteu na principal preocupação de qualquer instituição, empresa ou organismo. Mas o controle da imagem pública requer meios que sejam controláveis, e se a Internet não é …

Castells – Não é, e isso explica porque os poderes tem medo da Internet. Estive em várias comissões de assessoria de governos e instituições internacionais nos últimos 15 anos, e a primeira pergunta que os governos sempre fazem é: como podemos controlar a Internet? A resposta é sempre a mesma: não se pode. Pode se vigiar, mas não controlar.

El País - Se a Internet é tão determinante da vida social e econômica, seu acesso pode ser o principal fator de exclusão?

Castells - Não. O mais importante segue sendo o acesso ao trabalho e à carreira profissional e, ainda anteriormente, ao nível educativo, porque sem educação, a tecnologia não serve para nada. Na Espanha, a chamada exclusão digital é por questão de idade. Os dados estão muito claros: entre os maiores de 55 anos, somente 9% são usuários da Internete, mas entre os menores de 25 anos, são 90%.

El País - É, portanto, uma questão de tempo?

Castells - Quando minha geração desaparecer, não haverá mais esta exclusão digital no que diz respeito ao acesso. Mas na sociedade da Internet, o complicado não é saber navegar, mas saber onde ir, onde buscar o que se quer encontrar e o que fazer com o que se encontra. Isso requer educação. Na realidade, a Internet amplifica a velha exclusão social da história, que é o nível de educação. O fato de que 555 dos adultos não tenha completado, na Espanha, a educação secundária, essa é a verdadeira exclusão digital.

El País - Nesta sociedade que tende a ser tão líquida, na expressão de Zygmunt Bauman, em que tudo muda constantemente e que é cada vez mais globalizada, aumenta a sensação de insegurança, de que o mundo se move debaixo dos nossos pés?

Castells – Há uma nova sociedade que eu busquei definir teoricamente com o conceito de sociedade-rede e que não está distante da que define Bauman. Eu creio que, mais que líquida, é uma sociedade em que tudo está articulado de forma transversal e onde menos controle das instituições tradicionais.

El País – Em que sentido?

Castells – Estende-se a idéia de que as instituições centrais da sociedade, o Estado e a família tradicional, já não funcionam. Então, o chão se move sob os nossos pés. Primeiro, as pessoas pensam que seus governos não as representam e que não são confiáveis. Começamos mal. Segundo, elas pensam que o mercado é bom para os que ganham e mau para os que perdem. Como a maioria perde, há uma desconfiança para o que a lógica pura e dura do mercado pode proporcionar às pessoas. Terceiro, estamos globalizados; isso significa que nosso dinheiro está no fluxo global que não controlamos, que a população está submetida ás pressões migratórias muito fortes, de modo que cada vez mais é difícil encerrar as pessoas numa cultura ou nas fronteiras nacionais.

El País - Qual é o papel da Inernet neste processo?

Castells - Por um lado, ao nos permitir aceder à toda informação, aumenta a incerteza, mas ao mesmo tempo é um instrumento chave para a autonomia das pessoas, e isto é algo que demonstramos pela primeira vez na nossa pesquisa. Quanto mais autônoma é uma pessoa, mas ela utiliza a Internet. Em nosso trabalho definimos seis dimensões da autonomia e comprovamos que quando uma pessoa tem um forte projeto de autonomia, em qualquer uma dessas dimensões, ela utiliza Internet com muito mais freqüência e intensidade. E o uso da Internet reforça, por sua vez, a sua autonomia. Mas, claro, quanto mais uma pessoa controla a sua vida, menos ela se fia das instituições.

El País – E maior pode ser sua frustração pela distância que há entre as possibilidades teóricas de participação e as que exerce na prática, que se limitam a votar a cada quatro anos?

Castells - Sim, há um descompasso entre a capacidade tecnológica e a cultura política. Muitos municípios colocaram Wi-Fi de acesso, mas se ao mesmo não são capazes de articular um sistema de participação, servem para que as pessoas organizem melhor as suas próprias redes, mas não para participar na vida política. O problema é que o sistema político não está aberto à participação, ao diálogo constante com os cidadãos, à cultura da autonomia e, portanto, estas tecnologias contribuem para distanciar ainda mais a política da cidadania.

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Fonte:http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/manuel-castells-%E2%80%9Co-poder-tem-medo-da-internet#more

Radio corredor no mundo - Acesso a informação: O risco para a ilegalidade



Clique em subtitles e selecione portugues brasil para ver a tradução da entrevista

Da série, Eu falei isso???

Em 1958 o jovem Rupert Murdoch, então proprietário e editor de The News de Adelaide, escreveu: “na corrida entre segredo e verdade, parece inevitável que a verdade ganhe sempre”.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Censura - A verdade nua e crua

TokBox

Ferramenta ótima para video conferencia e melhor, free, e em pouco tempo bombando entre os adolescentes

www.tokbox.com

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Video Chamada celular/web

A Claro traz para o mercado nacional a Vídeo Chamada Web, um conceito que permite ao usuário da operadora e também aos internautas mais interatividade entre os interlocutores, possibilitando comunicar-se e ver o outro em tempo real. Para a empresa, a videochamada pela web é mais um passo para a consolidação da convergência entre celular e Internet.

Após lançar a videochamada para celulares 3G em novembro do ano passado, a empresa agora amplia o serviço e oferece a Vídeo Chamada Web para todos os clientes Claro Conta 3G e Claro Conta GSM, com ou sem telefone compatível, que poderão originar e receber videochamadas por meio da web. A operadora também disponibiliza o serviço para clientes Claro Cartão ou Claro Controle. E possibilitará ainda, que todo usuário de Internet, mesmo não sendo cliente da Claro, possa receber videochamadas também pela web.

Para utilizar a Vídeo Chamada Web, é necessário que o usuário faça um cadastro no serviço acessando o portal Claro Idéias. Ao acessar a página “Claro Vídeos”, deve-se clicar em “Vídeo Chamada 3G”. Após o cadastro, o usuário deve informar o número de seu celular Claro e aceitar o termo de uso. Em seguida, receberá um Torpedo com seu número de usuário e senha para utilização do serviço. Com o login, o cliente pode divulgar a informação aos seus amigos e receber chamadas pela web.

Os não-clientes da operadora devem cadastrar-se no link indicado e, em seguida, receberão um e-mail com o número de usuário, uma senha temporária e um outro link para finalizar o cadastro. Após essas etapas, basta seguir as instruções para iniciar o uso do serviço. Em caso de dúvidas, o usuário encontra um documento completo no site Claro Idéias.

Para fazer uma Vídeo Chamada Web, basta digitar o número de telefone de um cliente Claro pós-pago 3G no campo indicado e clicar no botão de discagem ou também acionando a agenda do serviço para fazer a chamada.

O valor cobrado da videochamada será de R$ 0,60 por minuto. Os pacotes com franquias para videochamada podem ser adquiridos em qualquer plano Claro Conta Estilo ou em Reais, desde que em conjunto com os pacotes de serviços de 10, 40, 100, 500 e 2.000 Mb, com 10, 40, 100, 500 e 2.000 minutos inclusos, respectivamente; ou também por meio dos novos planos 3G: 80, 120, 240, 600 e 900, respectivamente com 10, 20, 40, 100 e 150 minutos de videochamada inclusos.

Para usufruir do serviço, é necessário um computador com webcam acoplada e microfone, além de conexão banda larga à Internet com velocidade igual ou superior a 128 Kbps.






fonte: http://www.oficinadanet.com.br/noticias_web/1324/claro_video_chamada_web

Sob pressão nos EUA, mais uma empresa americana cancela serviço prestado ao Wikileaks

Se fosse na China, venezuela ou Brasil seria censura

Fonte http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2010/12/03/ataques-nao-vao-nos-parar-diz-fundador-do-wikileaks-apos-site-ser-tirado-do-ar-923175895.asp