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quinta-feira, 22 de julho de 2010

Fundações deixam de ser 'caixa' de universidades e buscam setor privado

Novas regras, sancionadas nesta semana, evitarão que as fundações cometam abusos financeiros, avalia a secretária de Educação Superior do MEC, Maria Paula Dallari Bucci. Para a Andifes, oficialização do repasse de recursos beneficiará pesquisas

Lígia Formenti / Brasília - O Estado de S.Paulo
As novas regras para o funcionamento das fundações de pesquisa deverão não apenas blindar as instituições contra abusos, mas garantir que seu principal papel seja executado: o de fazer a ponte com o mercado empresarial. A avaliação da secretária de Educação Superior do Ministério da Educação, Maria Paula Dallari Bucci, é que esse processo ocorra a médio prazo, mas de forma consistente.


"As universidades vão se familiarizar com as facilidades concedidas pelos decretos e, pouco a pouco, a fundação terá outra finalidade", comentou. Nesta semana, o governo lançou um pacote de medidas dando mais liberdade às universidades federais para gerir seus recursos e seu pessoal e, ao mesmo tempo, restringindo as atribuições das fundações de pesquisa.

Nos últimos anos, sob a justificativa de falta de autonomia, universidades tornaram rotineira a transferência de recursos para fundações, espécie de banco informal que permitia resgate fácil dos recursos.

Criadas para dar agilidade às instituições de ensino, as fundações de apoio se tornaram, nos últimos anos, palco de irregularidades. O exemplo mais ruidoso foi o desvio de recursos de ensino da fundação da Universidade de Brasília (UnB) para equipar o apartamento do então reitor, Timothy Mulholland.

Diante das suspeitas de irregularidades, o Tribunal de Contas da União (TCU) auditou 464 contratos e identificou incorreções. Recomendou, então, o veto de repasses federais diretamente para as fundações. O prazo fixado era até 31 de dezembro. Com o tempo correndo, além da edição da Medida Provisória, a comunidade científica se mobilizou e preparou um anteprojeto de MP sobre o assunto, apresentado ao presidente Lula em maio.

Embora considerada essencial para reduzir as irregularidades, a exigência do TCU tirou o sono da comunidade científica, que temia atraso no repasse de recursos para novos financiamentos. "Havia o receio de que pesquisas ficassem engessadas, caso a transferência fosse considerada ilegal", disse o secretário executivo da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Gustavo Balduino.

Projetos. Balduino destaca a importância do repasse. Como exemplo, cita projetos de pesquisa plurianuais. "Muitas vezes, uma fundação de amparo à pesquisa aprova o projeto ou libera recursos no fim do ano. Como fazer, então, diante do limite do uso de recursos apenas durante o ano fiscal?" A saída usada era transferir a verba para a fundação, para que fosse usada de acordo com necessidade, em anos posteriores. "Se o artifício não existisse, teríamos de devolver verba para o Tesouro."

Maria Paula, do MEC, diz que essa transferência não será mais necessária e observa que a MP tem de ser avaliada no conjunto de providências adotadas: três decretos que ampliam a autonomia financeira e administrativa das instituições. A partir deles, as universidades poderão transferir o uso de recursos de um ano orçamentário para outro e fazer aplicação de verbas inicialmente destinadas de uma área para outra. "Além de maior independência, esses recursos induzem instituições a usarem recursos da melhor forma possível, a fazer economia", avalia Maria Paula.

Além de tornar legítima a transferência, a MP dá mais transparência às fundações. Agora, elas são obrigadas a publicar na internet relatórios semestrais de execução dos contratos.

Limites também foram impostos. O dinheiro só pode ser usado para projetos de pesquisa ou de infraestrutura de laboratórios. Não pode ser utilizado para atividades como manutenção ou conservação de prédios, vigilância, serviços administrativos ou para contratação de pessoal.


MUDANÇAS

Atribuições
Apoiar projetos de ensino e pesquisa; auxiliar a administração dos recursos, mas somente aqueles destinados à execução dos projetos aprovados; financiar projetos de infraestrutura e aquisição de material desde que obedeçam diretrizes do plano de desenvolvimento da instituição; conceder bolsas de ensino, pesquisa e extensão.

Proibições
Arcar com atividades de infraestrutura, conservação, limpeza, vigilância, telefonia ou outras tarefas que não estejam definidas no PDI; contratar pessoal administrativo, de manutenção ou professores que prestem serviços em caráter permanente para as universidades.

Transparência
Fundações são obrigadas a divulgar na íntegra os contratos e os relatórios de execução.


Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100722/not_imp584472,0.php

O poder imaginário


Crônica de Luiz Fernando Veríssimo

No México mais do que em outros lugares da América Latina nota-se a repartição de poderes que é comum a todos, o poder dos descendentes de europeus sobre a economia e a política — ou seja, o poder real — e o poder dos nativos sobre a identidade cultural — ou seja, sobre o imaginário — do país.

Isto talvez se deva ao fato de estar na cidade do México o maior de todos os monumentos às civilizações pré-colombianas, o seu magnifico Museu Antropológico, onde se comemora uma vitória nativa que nunca houve. E explica por que demorou 500 anos para que um descendente de indígenas fosse eleito presidente de um país com maioria indígena como a Bolívia.

Esta invasão do poder real pelo poder imaginário rompeu um acordo tácito de anos e é um precedente ameaçador para as oligarquias americanas — a não ser, claro, que o representante do poder imaginário apenas imagine ter conquistado o poder real.

Se você conseguir pensar no Lula como o primeiro índio brasileiro a chegar à presidência também pode se perguntar se o governo dele é uma novidade ou uma concessão.

Na África do Sul é clara essa divisão entre o poder real, que continua nas mesmas mãos brancas, e o domínio dos negros sobre os mitos, os ritos, as artes e até a memória do país.

Na cidade de Durban estão fazendo uma espécie de higienização do passado, substituindo todos os nomes de ruas e praças que lembrem os tempos coloniais por nomes de lideres e guerreiros nativos e heróis da luta antiapartheid.

Nesta ocupação do imaginário do país cometem alguma injustiças. Vi poucas referências lá a, por exemplo, Nadine Gordimer, cujo Prêmio Nobel de Literatura se deveu em boa parte à sua oposição corajosa ao apartheid.

O próprio J. M. Coetzee, hoje o mais conhecido escritor sul-africano, outro ganhador do Nobel e crítico do regime racista, também não parece ter o reconhecimento que merece — ou então eu é que não procurei direito.

E você não consegue evitar a impressão de que, na África do Sul como na América Latina, também existe um acordo tácito entre o real e o imaginário, e que a elite branca entrincheirada nos seus condomínios fechados cedeu tudo aos negros, inclusive a sua História, para preservar o poder verdadeiro.

Fonte:http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2010/07/22/o-poder-imaginario-310104.asp

terça-feira, 20 de julho de 2010

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Cientistas assistem a guerra entre grupos de chimpanzés

Chimpanzés travam guerra, matando impiedosamente membros de grupos vizinhos para expandir território, informam cientistas. Biólogos já suspeitavam que a violência entre os chimpanzés poderia não ser de todo aleatória, mas o estudo na edição atual da revista Current Biology apresenta a primeira evidência clara nesse sentido.

"Embora algumas observações anteriores parecessem apoiar a hipótese, até agora não tínhamos indícios claros", disse o ecologista comportamental John Mitani, da Universidade de Michigan, em nota.

Os pesquisadores passaram dez anos observando dois grupos de chimpanzés que vivem em Ngogo, no Parque Nacional Kibale, de Uganda. Um deles era incomumente grande, com 150 membros, e parecia ter um número desproporcional de machos.

"Nesse período, observamos os chimpanzés de Ngogo matar ou ferir letalmente 18 indivíduos de outros grupos", escreveram os pesquisadores. Eles viram indícios de mais três mortes provocadas.

Notaram ainda patrulhas de chimpanzés, em que os animais moviam-se rapidamente, em silencia e em fila, buscando cuidadosamente outros chimpanzés.

A antropóloga Sylvia Amster, atualmente na Universidade de Arkansas em Little Rock, era uma estudante de graduação trabalhando com Mitani quando testemunhou uma dessas patrulhas lançar um ataque.

"Eles estavam em patrulha fora de seu território há mais de duas horas quando surpreenderam um pequeno grupo de fêmeas de uma comunidade ao noroeste", disse ela, em nota. "Quase imediatamente após o contato, os machos adultos da patrulha começaram a atacar as fêmeas desconhecidas, duas das quais carregavam crianças dependentes".


Os agressores rapidamente mataram uma e lutaram com a mãe da segunda por cerca de uma hora e meia.

"Embora não tenham conseguido tirar a criança da mãe, a criança obviamente ficou muito machucada, e não acreditamos que tenha sobrevivido", disse ela.

Logo após a matança, os pesquisadores notaram que os chimpanzés Ngogo expandiram seu território consideravelmente - em mais de 22%.

"Quando eles começaram a se mover para a área, não precisamos de muito tempo para notar que tinham matado muitos outros chimpanzés ali", disse Mitani.

Embora os chimpanzés sejam os parentes vivos mais próximos dos seres humanos, Mitani não está seguro de se o comportamento belicoso dos animais ajuda a entender a guerra entre humanos. "Guerra, no sentido humano, acontece por muitas razões diferentes", disse ele. "Não estou convencido de que estejamos falando da mesma coisa".

O comportamento pode indicar um senso de cooperação.

"A agressão letal entre os grupos que testemunhamos é cooperativa, na medida que envolve coalizões de machos atacando outros. No processo, nossos chimpanzés adquiriram Amis terra e recursos, que são redistribuídos no grupo".


Fonte: Estadão

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Superintendência de Informática

A UFRJ centraliza todo atendimento na área de sistemas de informação e estrutura informacional na Superintendência de Informática, toda a estrutura de Rede, sistemas e suporte do NCE foram absorvidos para um melhor atendimento a comunidade academica.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

sábado, 10 de julho de 2010

Eleanor Rigby


Eleanor Rigby - The Beatles - Watch more amazing videos here

Qualquer semelhança não é mera coincidência

Serra não administra nem sua agenda
Enviado por luisnassif, sab, 10/07/2010 - 10:12
Conhece-se um bom gestor pela maneira como administra seu tempo. Quem não consegue administrar a própria agenda pode até ser bom estrategista, bom líder, mas gestor, definitivamente, não é.

Em dezembro descrevi o estilo Serra de gestão. Começava a trabalhar às 11 da manhã, geralmente fora do Palácio. Não mantinha reuniões periódicas com Secretários. Pouquíssimas vezes participou de reuniões inter-secretarias. Não tinha a menor idéia sobre o que cada secretaria estava produzindo - prova maior é o fato de, tendo a mais ampla exposição que a mídia já ofereceu a um governante, jamais ter conseguido passar a idéia sobre o que seu governo fazia. Suas libações noturnas provavelmente eram dedicadas a livros e filmes, dificilmente para estudar problemas administrativos do Estado.

Passou a imagem de bom administrador pelo estilo autoritário, de exigir providências - aliás, importante para quem administra a máquina pública. Mas nunca conseguiu organizar nem idéias, nem articular planos, nem dispor de acompanhamento das ações de secretários, para, aí sim, fazer exercer seu mando. E faltava algo fundamental para dar eficiência ao mando idéias claras para saber o quê e como decidir.

Quando ainda acreditava no potencial administrativo de Serra, sugeri que se inteirasse sobre planejamento estratégico, ferramentas de gestão. Sua resposta foi auto-suficiente, proporcional à sua insegurança interna: não preciso, porque faço acontecer. Quando encarar realidades mais complexas - respondi-lhe - você vai se perder.

Para ser um grande líder parlamentar - e Serra foi - bastava bons assessores acompanhando uma pauta restrita de assuntos e trazendo para ele o problema e a solução. Para gerenciar realidades complexas - como prefeitura e governo do Estado - não foi suficiente.

Mais: é absolutamente inseguro sobre sua capacidade de discernimento. Confrontado com qualquer evento que saia da rotina e que, principalmente, implique conflitos, trava. E não tem segurança sequer para juntar a equipe, ouvir as sugestões e arbitrar. Não soube como agir na greve da Polícia Civil, na crise da USP, no episódio das enchentes (sumiu de cena, não se soube de uma reunião de coordenação comandada por ele), no lançamento da sua candidatura, na escolha do seu vice, na reação à crise econômica global e - pela matéria do Estadão - é incapaz sequer de definir previamente sua agenda de candidato. Essa é a razão de jamais ter rompido com o fernandismo: sempre se escorou na visão mais pragmática de FHC sobre estratégias políticas.

Seus arrufos contra o mercadismo de FHC - chegou ao cúmulo de estimular uma CPI contra o Ministro da Fazenda Pedro Malan - era muito mais para conseguir cacife para se credenciar junto ao pai FHC.

Pior que isso, não pensar estrategicamente, não ter capacidade de escolha são características pessoais, que se tem ou não tem. Mas valorizar o planejamento é uma questão central. Não se exige de nenhum governante conhecimento prévio, qualidades pessoais de gestor. Mas exige-se que valorize o gestor e o planejamento.

No entanto, Serra manteve o desmonte de toda estrutura de planejamento do Estado, uma jóia criada antes dos anos 80, com instituições como Cepam, Fundap, Emplasa, o corpo técnico da DERSA, do Metrô, sendo submetidos ao sucateamento inexorável.

Ou seja, nesses seis anos como executivo, Serra comprovou não ser gestor (não administra), não ser líder (não definiu uma bandeira clara sequer para sua tropa), não ser planejador, não valorizar o planejamento e as boas práticas de gestão e muito menos ter vocação de estadista (ambição de mudar a natureza do Estado).

Nas mãos de governadores com visão - como Eduardo Campos, Paulo Hartung, Aécio/Anastasia, Marcelo Deda, Jacques Wagner - São Paulo não seria mais a locomotiva do país: seria o avião a jato.

Ton Jones



Janis Joplin

EAD - Radio Corredor para dançar bonito...






Jazz - Festival de Montreux



































Bons tempos







sexta-feira, 9 de julho de 2010

Anos 80




















Ira

Precisa desenhar ??

Lembranças

Homenagem a alguns

Inconsciente coletivo

30 anos sem o poetinha..



valeu xara

Jimi Hendrix

Pedágio derruba mais um jornalista da TV Cultura

Enviado por luisnassif, qui, 08/07/2010 - 22:25
Há uma semana, Gabriel Priolli foi indicado diretor de jornalismo da TV Cultura.

Ontem, planejou uma matéria sobre os pedágios paulistas. Foram ouvidos Geraldo Alckmin e Aluizio Mercadante, candidatos ao governo do estado. Tentou-se ouvir a Secretaria dos Transportes, que não quis dar entrevistas. O jornalismo pediu ao menos uma nota oficial. Acabaram não se pronunciando.

Sete horas da noite, o novo vice-presidente de conteúdo da TV Cultura, Fernando Vieira de Mello, chamou Priolli em sua sala. Na volta, Priolli informou que a matéria teria que ser derrubada. Tiveram que improvisar uma matéria anódina sobre as viagens dos candidatos.

Hoje, Priolli foi demitido do cargo. Não durou uma semana.

Semana passada foi Heródoto Barbeiro, demitido do cargo de apresentador do Roda Viva devido às perguntas sobre pedágio feitas ao candidato José Serra.

Para quem ainda têm dúvidas: a maior ameaça à liberdade de imprensa que esse país jamais enfrentou, nas últimas décadas, seria se, por desgraça, Serra juntasse ao poder de mídia, que já tem, o poder de Estado.

fonte:http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/pedagio-derruba-mais-um-jornalista-da-tv-cultura

quinta-feira, 8 de julho de 2010

EAD - Radio Corredor


A vida em um dia

Experimente

Porcos e diamantes..



Neste filme a bandidagem se livra dos corpos retalhando e dando para os porcos comerem....A vida se inspira na arte

Devassa..


A preferida na Reitoria...só que em litro

PARIS....



Uma verdadeira devassa

terça-feira, 6 de julho de 2010

PF aponta fraudes em concursos da Abin e Anac

Publicada em 05/07/2010 às 19h30m
Jailton de Carvalho

BRASÍLIA - Com o aprofundamento da Operação Tormenta lançada há três semanas , a Polícia Federal descobriu graves indícios de fraude em concursos promovidos pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) ano passado. Pelas informações obtidas até o momento pela polícia, 45 candidatos a vagas na Abin e na Anac tiveram acesso às provas antes da distribuição oficial dos testes. Entre os suspeitos de envolvimento no crime, 12 já tomaram posse e estariam trabalhando normalmente. Eles serão chamados para depor. O delegado Victor Hugo Rodrigues Alves deverá pedir a prisão preventiva dos candidatos que tiverem ligações mais próximas com integrantes da quadrilha acusada de fraudar os concursos.

A Operação Tormenta foi lançada em 16 de junho. Doze suspeitos, entre eles o dono de uma universidade em São Paulo e um policial rodoviário federal, foram presos. A organização era acusada inicialmente de fraudar concursos destinados à contratação de agentes da Polícia Federal e servidores da Receita Federal. O grupo também era suspeito de burlar o exame de admissão na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Com o avanço nas investigações, a polícia chegou a conclusão que o grupo também vendeu informações sobre as provas para os últimos concursos da Abin e da Anac.

A fraude teria beneficiado 36 candidatos da Anac, 11 deles já empossados nos cargos de analistas e técnicos, e 9 da Abin. Um dos aprovados no teste da Abin, um oficial de inteligência, já até tomou posse. A organização teria planejado fraudar ainda concursos da Advocacia-Geral da União, do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), da Caixa Econômica Federal e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), entre outros.

fonte: http://oglobo.globo.com/pais/mat/2010/07/05/pf-aponta-fraudes-em-concursos-da-abin-anac-917068732.asp

domingo, 4 de julho de 2010

O Fim da Pré-Campanha

Deu no Correio Braziliense


De Marcos Coimbra, sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi

Quem tinha razão era Magalhães Pinto, velha raposa política e ex-governador de Minas Gerais. A política é mesmo como nuvem. Uma hora, você olha e vê uma coisa. Olha de novo e ela já mudou.

Se estivesse vivo, seria o que ele diria sobre o período da campanha presidencial que agora se encerra. Do início de abril, quando se desincompatibilizaram os principais candidatos, ao fim de junho, quando começa a reta final da sucessão, tudo ficou diferente.

A entrada em campo de Serra era aguardada há meses. É verdade que ele teve que disputar, até dezembro, o posto de candidato com Aécio, ainda que não se preocupasse muito com as aspirações do mineiro. Estava convencido de que o PSDB terminaria por lhe entregar a vaga.

De qualquer maneira, o fato é que, desde quando Aécio saiu do páreo, nada mais restava em seu caminho. Com a candidatura assegurada, teve amplo tempo para se preparar, montar sua estratégia, organizar sua equipe. Ainda que continuasse, de janeiro a março, com suas obrigações de governo, pôde pensar com calma no que faria quando saísse do Palácio dos Bandeirantes.

Com algum retardo (que ajudou a manter o suspense sobre sua decisão até a véspera do prazo fatal), ele finalmente renunciou ao cargo de governador e virou candidato. Juntou-se a Dilma que, dias antes, havia deixado o ministério.

Entre o começo de abril e meados de maio, Serra viveu seus melhores 45 dias desde quando iniciou sua jornada em busca da Presidência. Quem tiver alguma memória se lembrará do que andaram dizendo seus correligionários e publicaram aqueles que por ele torcem na imprensa carioca e paulista.

Era como se estivesse ali começando para valer a sucessão, com um goleador nato, em momento inspirado, mostrando seu melhor futebol. Para eles, Serra fazia um gol atrás do outro, com postura serena, palavras sempre bem escolhidas, hábeis manobras.

Pelo que se lia nesses jornais, enquanto Serra conquistava novos apoios, Dilma perdia os dela. Era apenas questão de tempo até que as pesquisas assinalassem seu crescimento. Enquanto não vinham, as colunas estavam cheias de especulações sobre “pesquisas internas”, que já o mostrariam bem à frente da adversária.

Se era esse o tom da cobertura a respeito do candidato tucano, via-se o inverso no que era publicado sobre a petista. Parecia que uma desastrada havia entrado em campo, cometendo um erro depois do outro. Precipitação, amadorismo, inabilidade, incompetência, era isso que se falava dela e de sua campanha. Chegaram a dizer que Lula andava nervoso, agitado, irritadiço.

As nuvens, no entanto, mudaram. Se o sol parecia brilhar para Serra até o meio de maio, a chuva desabou de lá para cá. Viu-se que a falta de traquejo eleitoral não prejudicava Dilma. Ela cresceu nas pesquisas, suas alianças se confirmaram, outras surgiram. Gorou a esperança de que a propaganda partidária de PSDB, DEM, PPS e PTB, somadas, mudassem o panorama. Na maioria dos estados, alegrias para o governo, decepções para a oposição. Lula já não franzia mais a testa. Quando junho chegou ao fim, ele era só sorrisos.

Ficou, no entanto, para o apagar das luzes da “pré-campanha”, o pior momento. O episódio da escolha do companheiro de chapa de Serra tem tudo para entrar para a história.

Desde a quarta-feira, quando Índio da Costa foi confirmado, já se falou tanto que é até cruel insistir no assunto. Qualquer argumento em favor de seu nome chega a ser risível, desde o potencial de seus 40 anos atraírem a juventude e provocarem a reversão do voto no Sudeste, à densidade de sua biografia de “ficha limpa”.

Mas resta uma pergunta: por mais que as pessoas se julguem imortais, um candidato a presidente não tem a obrigação de raciocinar com a hipótese de vir a faltar, por qualquer motivo? Não foi, talvez, pensando assim que Collor escolheu Itamar, que Fernando Henrique convidou Marco Maciel, que Lula optou por José Alencar?

Goste-se ou não de Michel Temer, nem seus inimigos negam que tem experiência e qualificações para, se imperativo, substituir Dilma. E Índio da Costa?

Fonte: http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2010/07/04/o-fim-da-pre-campanha-305254.asp

Mitos da austeridade

2 de julho de 2010 | 19h30

Paul Krugman

Quando era jovem e ingênuo, eu acreditava que pessoas importantes assumiam posições com base numa análise cuidadosa das opções disponíveis. Hoje, sei que as coisas não são assim. Boa parte daquilo em que as Pessoas Sérias acreditam repousa em preconceitos, e não na análise. Tais preconceitos estão sujeitos a excentricidades e modismos.

O que nos traz ao tema da presente coluna. Nos últimos meses, assistimos impressionados e horrorizados à emergência, entre os círculos responsáveis, de um consenso em favor de uma austeridade fiscal imediata. Ou seja, de alguma maneira tornou-se sabedoria convencional a ideia de que agora é a hora de cortar os gastos, apesar do fato de as maiores economias do mundo permanecerem num estado de profunda depressão.

Esta sabedoria convencional não tem como base provas e nem uma análise cuidadosa. Em vez disso, ela repousa sobre o que poderíamos chamar piedosamente de especulação e, menos educadamente, de fantasias da imaginação da elite governamental – especificamente, sobre a crença no que me parecem ser entidades mágicas chamadas justiceiros invisíveis do mercado de obrigações e a fadinha da confiança.

Os justiceiros do mercado de obrigações são investidores que desistem de governos que, na percepção deles, seriam incapazes de pagar suas dívidas ou não estariam dispostos a fazê-lo. Não resta dúvida de que os países podem sofrer crises de confiança (basta ver a crise grega). Mas o que os defensores da austeridade afirmam é que (a) os justiceiros do mercado de obrigações estão prestes a atacar os Estados Unidos, e (b) qualquer gasto adicional com medidas de estímulo vai atiçá-los ainda mais.

Que motivo temos para acreditar nisso? É verdade que os EUA apresentam problemas orçamentários no longo prazo, mas as medidas de estímulo que implementarmos nos próximos anos terão um efeito praticamente nulo sobre nossa capacidade de lidar com tais problemas de endividamento no longo prazo. Como disse recentemente Douglas Elmendorf, diretor do Gabinete Orçamentário do Congresso, “não existe contradição intrínseca em promover um maior estímulo fiscal agora, quando o desemprego é alto e muitas fábricas e empresas operam abaixo da capacidade, e impor a contenção fiscal daqui a muitos anos, quando produção e emprego estarão provavelmente próximos do seu verdadeiro potencial”.

Ainda assim, de tempos em tempos, dizem-nos que os justiceiros do mercado de obrigações chegaram e que, para aplacá-los, temos de impor a austeridade agora, já, imediatamente. Três meses atrás, uma discreta alta nos juros de longo prazo foi recebida com verdadeira histeria: “Temores em relação ao endividamento elevam juros”, foi a manchete do Wall Street Journal, apesar de não haver nada que indicasse tal temor, e Alan Greenspan declarou que a crise era um “canário na mina”.

Desde então, os juros de longo prazo caíram novamente. Longe de fugir dos títulos da dívida americana, os investidores evidentemente os enxergam como a aposta mais garantida numa economia vacilante. Mesmo assim, os defensores da austeridade ainda nos garantem que os justiceiros pretendem nos atacar a qualquer momento se não cortamos os gastos imediatamente.

Mas não se preocupe: cortes nos gastos podem ser dolorosos, mas a fadinha da confiança vai aliviar a dor. “A ideia de que medidas de austeridade possam levar a uma estagnação é incorreta”, declarou Jean-Claude Trichet, presidente do Banco Central Europeu em entrevista concedida recentemente. Por quê? A resposta: “Medidas que inspiram confiança vão impulsionar a recuperação econômica, e não retardá-la.”

Onde está a prova de que a contração fiscal seja uma medida expansionista por inspirar mais confiança? (Por sinal, foi esta a doutrina exposta por Herbert Hoover em 1932.) Bem, houve casos históricos de cortes nos gastos e aumentos nos impostos seguidos de crescimento econômico. Mas, ao que me parece, cada um destes exemplos se revela, num exame mais cuidadoso, uma situação na qual os efeitos negativos da austeridade foram compensados por outros fatores, elementos que dificilmente serão considerados relevantes hoje. A era da austeridade-com-crescimento vivida pela Irlanda na década de 1980, por exemplo, dependeu de uma drástica transformação do déficit comercial em superávit comercial, o que não é uma estratégia que pode ser seguida por todos ao mesmo tempo.

E os exemplos contemporâneos de austeridade são pouquíssimo encorajadores. A Irlanda agiu com rigor e disciplina nesta crise, implementando melancolicamente selvagens cortes nos gastos. Como recompensa, o país vivenciou um declínio proporcional ao da Depressão – e os mercados financeiros continuam a tratar o país como um sério candidato à inadimplência. Outros atingidos disciplinados, como Letônia e Estônia, sofreram destino ainda pior – acredite se puder, os três países apresentaram declínios na produção e no índice de emprego piores do que os vividos na Islândia, que foi obrigada, pela própria dimensão de sua crise financeira, a adotar medidas menos ortodoxas.

Assim, da próxima vez que você ouvir pessoas de aparência séria explicando a necessidade da austeridade fiscal, tente analisar seus argumentos. Quase certamente, você descobrirá que aquilo que soa como realismo teimoso repousa na verdade sobre um alicerce de fantasia, na crença de que justiceiros invisíveis vão nos recompensar se formos bonzinhos. E medidas econômicas do mundo real – medidas que prejudicarão as vidas de milhões de famílias de trabalhadores – estão sendo elaboradas a partir deste alicerce.

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austeridade, desemprego, estímulo, Estônia, Irlanda, Islândia, justiceiros, Letônia, mercado, produção
Vou arrastar pra fora o próximo que me chamar de ‘tosco’
2 de julho de 2010 | 16h24

Paul Krugman

Brad DeLong lida com a substância deste editorial da Economist; apesar da absoluta falta de evidências, a Economist ainda acredita na fada da confiança. Notem mais uma coisa, porém: a jubilosa declaração da Economist de que:

O keynesianismo tosco de Krugman subestima a relação entre o comportamento de empresas e famílias e suas expectativas sobre a política fiscal futura.

Durante todo esse debate, um tema recorrente entre antikeynesianos tem sido que keynesianos como eu ou Brad são primitivos ignorantes que não sabem nada sobre macroeconomia moderna. É realmente difícil ver de onde vem isso, pois eu fiz muita otimização intertemporal em minha época. Parte do problema parece ser que as pessoas que dizem isso ficam com o que dizemos porque não compreendem realmente as implicações de seus próprios modelos.

Mas, seja como for, para registro: eu compreendo perfeitamente a importância das expectativas – suficientemente bem para saber que levar em conta essas expectativas fortalece, e não enfraquece, a defesa do estímulo.

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confiança, economia, estímulos, keynesianismo, mercado
Após a crise, um milagre na Islândia
1 de julho de 2010 | 17h14

Paul Krugman

A Islândia é, sem dúvida, a protagonista de uma das maiores histórias de desastre econômico de todos os tempos. Uma economia que produziu um padrão de vida decente para o seu povo foi efetivamente sequestrada por uma combinação de ideologia de livre mercado e capitalismo mafioso; um dos estudos apresentados na conferência da qual acabo de participar em Luxemburgo mostra que os benefícios da bolha financeira incidiram principalmente sobre uma pequena minoria no topo da pirâmide da distribuição de renda:



E, no processo de construção de impérios financeiros de curta duração, um punhado de operadores acumulou imensas dívidas que devem agora ser quitadas por seus concidadãos.

Mas há um epílogo interessante nesta história. Diferentemente de outras economias em situação desastrosa na periferia da Europa – economias que tentam se reabilitar por meio da austeridade e da deflação -, a Islândia acumulou uma dívida de tamanhas proporções e se viu numa situação tão difícil que a ortodoxia estava fora de questão. Em vez disso, a Islândia promoveu uma grande desvalorização de sua moeda e impôs mecanismos de controle de capitais.

E o resultado foi algo estranho: apesar de em geral considerarmos que a Islândia vivenciou a pior crise financeira de todos os tempos, o castigo sofrido pelo país foi consideravelmente menos severo do que aquele a que outros países foram submetidos. Eis a situação do PIB:



E eis a situação do desemprego:



A moral dessa história parece ser a seguinte: quando surge a perspectiva de uma crise financeira, é melhor que essa crise seja muito, muito ruim. Caso contrário, acabaremos aceitando os conselhos de pessoas que nos garantem que um sofrimento ainda maior é a cura para os males que nos afligem.

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bolha, crise financeira, desemprego, Islândia, PIB
Uma ameaça terrível surgiu
29 de junho de 2010 | 16h35

Paul Krugman

Liz Alderman fez um retrato excelente, embora deprimente, da Irlanda na austeridade. Para avaliar plenamente seu significado, gostaria de justapor o que os apóstolos da austeridade andam dizendo. Jean-Claude Trichet:

“No que se refere à economia, a noção de que medidas de austeridade podem provocar uma estagnação econômica é incorreta”, disse ele, de acordo com a transcrição de um artigo em inglês publicado no website do Banco Central Europeu.

“Acredito firmemente que, nas atuais circunstâncias, políticas que inspirem confiança irão fomentar e não frear a recuperação econômica porque a confiança é um fator chave hoje.”

Ahã.

O elemento chave a se ter em mente quanto a esses apelos em favor de uma severa austeridade para fazer face a uma economia combalida é que eles se baseiam em duas proposições, não uma. Não só você tem de acreditar que os vigilantes invisíveis do mercado de títulos estão prontos para o ataque – e você precisa fazer alguma coisa para acalmar os mercados, mesmo que neste exato momento os compradores de títulos estejam dispostos a emprestar dinheiro para os Estados Unidos a taxas muito baixas; e também tem de acreditar que os cortes de impostos irão, de fato, acalmar os mercados se eles, realmente, perderem a confiança.

É por isso que a ruína irlandesa é tão importante. Supunha-se que essa cruel austeridade traria compensações; a tese aceita de que isso ocorrerá é tão forte que, com frequência, lemos notícias dizendo que isso de fato tem ocorrido, que a determinação da Irlanda vem impressionando e tranquilizando os mercados financeiros. Mas na verdade isso não tem se verificado: a eficaz e sofredora Irlanda não está ganhando nada.

Naturalmente, sei o que virá a seguir: vamos ouvir que os irlandeses não estão agindo o suficiente e precisam fazer mais. Se sangramos o paciente e ele fica ainda mais doente, devemos sangrá-lo um pouco mais.

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austeridade, FMI, Irlanda, mercados, títulos, Trichet
A terceira depressão
28 de junho de 2010 | 19h35

Paul Krugman

Recessões são comuns; depressões são raras. Pelo que sei, houve apenas duas eras na história econômica qualificadas como “depressões” na ocasião: os anos de deflação e instabilidade que acompanharam o Pânico de 1873, e os anos de desemprego em massa, após a crise financeira de 1929-31.

Nem a Longa Depressão do século 19, nem a Grande Depressão, no século 20, registraram um declínio contínuo. Pelo contrário, ambas tiveram períodos em que a economia cresceu. Mas esses períodos de melhora jamais foram suficientes para desfazer os danos provocados pela depressão inicial e foram seguidos de recaídas.

Receio que estamos nos estágios iniciais de uma terceira depressão. Que provavelmente vai se assemelhar mais à Longa Depressão do que a uma Grande Depressão mais severa. Mas o custo – para a economia mundial e, sobretudo, para os milhões de pessoas arruinadas pela falta de emprego – será imenso.

E esta terceira depressão tem a ver, principalmente, com o fracasso político. Em todo o mundo – e, mais recentemente, no profundamente desanimador encontro do G-20, no fim de semana -, os governos se mostram obcecados com a inflação quando a verdadeira ameaça é a deflação, e insistem na necessidade de apertar o cinto, quando o problema de fato são os gastos inadequados.

Em 2008 e 2009, parecia que tínhamos aprendido com a história. Ao contrário dos seus predecessores, que elevavam as taxas de juros para enfrentar uma crise financeira, os atuais líderes do Federal Reserve e do BCE (Banco Central Europeu) cortaram os juros e partiram em apoio aos mercados de crédito. Ao contrário dos governos do passado, que tentaram equilibrar os orçamentos para fazer frente a uma economia em forte declínio, os governos hoje deixam os déficits aumentarem. E melhores políticas ajudaram o mundo a evitar o colapso total: podemos dizer que a recessão provocada pela crise financeira acabou no verão (no hemisfério norte) passado.

Mas os futuros historiadores irão nos dizer que esse não foi o fim da terceira depressão, da mesma maneira que a retomada econômica em 1933 não foi o fim da Grande Depressão. Afinal, o desemprego – especialmente o desemprego a longo prazo – continua em níveis que seriam considerados catastróficos há alguns anos e não dão sinal de queda. E tanto Estados Unidos como Europa estão próximos de cair na mesma armadilha deflacionária que atingiu o Japão.

Diante desse quadro sombrio, você poderia esperar que os legisladores tivessem entendido que não fizeram o suficiente para promover a recuperação. Mas não. Nos últimos meses observamos o ressurgimento da ortodoxia do equilíbrio orçamentário e da moeda forte.

O ressurgimento dessas teses antiquadas é mais evidente na Europa, onde as autoridades parecem estar usando os discursos de Herbert Hoover para fundamentar sua retórica, incluindo a afirmação de que elevar impostos e cortar gastos vai expandir a economia, melhorando a confiança nos negócios. Mas, em termos práticos, os EUA não estão agindo muito melhor. O Fed parece consciente dos riscos de uma deflação – mas o que propõe fazer com relação a esses riscos é, bem, nada.

O governo Obama entende os perigos de uma austeridade fiscal prematura – mas como os republicanos e democratas conservadores do Congresso não aprovam uma ajuda adicional aos governos estaduais, essa austeridade se impõe de qualquer maneira, com os cortes no orçamento estaduais e municipais.

Por que essa virada equivocada da política? Os radicais com frequência referem-se às dificuldades da Grécia e outros países na periferia da Europa para justificar seus atos. E é verdade que os investidores atacaram os governos com déficits incontroláveis. Mas não há nenhuma evidência de que uma austeridade a curto prazo, face a uma economia deprimida, vai tranquilizar os investidores. Pelo contrário: a Grécia concordou com a adoção de um plano severo de austeridade, mas viu seus riscos se ampliarem ainda mais; a Irlanda estabeleceu cortes brutais dos gastos públicos e foi tratada pelos mercados como um país com risco maior do que a Espanha, que até agora reluta em adotar medidas drásticas propugnadas pelos radicais.

É como se os mercados financeiros entendessem o que os legisladores aparentemente não compreendem: que, embora a responsabilidade fiscal a longo prazo seja importante, cortar gastos no meio de uma depressão vai aprofundar essa depressão e abrir caminho para a deflação, o que é contraproducente.

Portanto, não acho que as coisas tenham a ver de fato com a Grécia, ou com qualquer apreciação realista sobre o que priorizar, déficits ou empregos. Em vez disso, trata-se da vitória de teses conservadoras que não se baseiam numa análise racional e cujo principal dogma é que, nos tempos difíceis, é preciso impor o sofrimento para outras pessoas pra mostrar liderança.

E quem irá pagar o preço pelo triunfo dessas teses conservadoras ? A resposta é: dezenas de milhões de trabalhadores desempregados, muitos deles sujeitos a ficar sem emprego por anos e outros que nunca mais voltarão a trabalhar.

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austeridade, deflação, Depressão, G-20, Grande Depressão, Longa Depressão, recessão
Os amigos invisíveis
28 de junho de 2010 | 17h38

Paul Krugman



Escrevi em outras oportunidades sobre o estranho poder dos vigilantes invisíveis dos títulos da dívida:

Uma coisa é sentir-se intimidado pelos vigilantes desse mercado. Outra bem diferente é sentir-se intimidado pelo medo de que os vigilantes possam surgir um dia desses, embora atualmente tenhamos condições de vender títulos de longo prazo a uma taxa de juros inferior a 3,5%.

E, no entanto, de acordo com alguns boatos, é exatamente isso que está acontecendo.

Desde que escrevi esse post, a taxa de longo prazo caiu para 3,12%.

Mas mais estranho ainda é, de certo modo, o poder dos amigos invisíveis do mercado de títulos, que premiam as pessoas quando elas se infligem uma punição suficientemente severa. Vejam este artigo na Reuters, que nos afirma que:

Uma reação do mercado contra os países que estariam demorando para reduzir o seu endividamento e os déficits provocou cortes do orçamento em toda a Europa porque os governos tentavam desse modo conter os gastos.

Isso parece implicar que os países que não demoraram para agir neste sentido foram premiados, certo? E isso muitas vezes é comentado como algo que, de fato, aconteceu – porque se supõe que deva acontecer.

Mas os benefícios da austeridade continuam, bem, invisíveis. Os spreads de risco da Irlanda são piores do que os da Espanha, embora a Irlanda não tenha perdido tempo em se flagelar, enquanto a Espanha hesitava. A confiança do mercado na Grécia declinou desde que o governo aceitou o plano de austeridade do Fundo Monetário Internacional (FMI).

É estranho: é como se os mercados de títulos não acreditassem que o sofrimento a curto prazo que não contribui para melhorar as perspectivas de orçamento de um país no longo prazo, mas leva à depressão e à deflação, o torna uma aposta segura. Mas eu tenho um coelho de 1,80 metro que diz que estão errados. Olá, Mr. Smith.

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austeridade, Espanha, Grécia, Irlanda, mercados, títulos
A longo prazo, ainda estamos todos mortos
25 de junho de 2010 | 16h22

Paul Krugman

Portanto, lendo Mohamed El-Erian, sinto-me um pouco perdido quanto ao que ele está realmente falando; qual é, exatamente, a sua recomendação política? Mas, de qualquer maneira, eis o que me impressiona: ele escreve.

O mundo está enfrentando mudanças estruturais profundas, mas seus líderes se apegam a uma perspectiva cíclica, de curto prazo.

Discordo. O nosso problema é o oposto. Fale para as autoridades alemãs do alto índice de desemprego e a ameaça cada vez mais presente da deflação e elas começarão a divagar sobre o desafio demográfico e o custo das aposentadorias.

Quero dizer, por que não devemos nos concentrar no ciclo econômico? Sofremos a pior desaceleração cíclica desde a Grande Depressão; em termos de desemprego e de déficits de produção, não recuperamos quase nada do terreno perdido. Milhões de trabalhadores estão parados por falta de demanda; se continuarem sem trabalho, vamos transformar a situação num problema estrutural de longo prazo, mas, no momento, esse é, precisamente, um problema cíclico e de curto prazo.

Assim, dizer que precisamos nos concentrar no longo prazo e não nos preocupar com problemas triviais de curto prazo, como esta que é a mais alta taxa de desemprego desde a Grande Depressão, pode parecer sensato, mas o fato é que é loucura.

Ah, tem um outro aspecto – não sobre El-Erian, mas sobre alguns legisladores e economistas: a tentativa de afastar a discussão do curto prazo não é, como sempre é retratado, um ato corajoso. Pelo contrário, é uma covardia, uma tentativa de fugir da responsabilidade por uma situação desastrosa que podemos resolver, mas preferimos não fazê-lo.

Keynes definiu corretamente:

Mas este longo prazo é um guia enganador para os problemas vigentes. A longo prazo estamos todos mortos. Os economistas assumem uma tarefa fácil demais, inútil demais também, se numa fase tempestuosa só conseguem nos dizer que o temporal passou muito depois de o oceano já ter se acalmado.

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cíclico, ciclo econômico, curto prazo, desemprego, estímulos, Keynes, longo prazo
Eles realmente me odeiam
23 de junho de 2010 | 17h26

Paul Krugman

Por meio do Wall Street Journal, vejo que um dos Especialistas Econômicos da Alemanha me criticou por causa dos comentários negativos que fiz a respeito de Axel Weber:

Wolfgang Franz, presidente do conselho de assessores econômicos do governo alemão – conhecidos como Especialistas Econômicos – , criticou Krugman e os Estados Unidos num editorial publicado na edição de quarta feira de um jornal econômico alemão, sob o título de `O que acha de alguns fatos, sr. Krugman?’

`Em qual país teve início a crise financeira? Qual foi o banco central responsável por adotar uma política monetária excessivamente relaxada? Qual foi o país que fez a escolha errada nas políticas sociais ao incentivar lares de baixa renda a solicitar empréstimos hipotecários que jamais seriam capazes de pagar? Quem foi que flexibilizou a regulação que limitava os níveis de alavancagem dos bancos de investimento em 2000, permitiu que o Lehman Brothers quebrasse em 2008 e empurrou os mercados financeiros mundiais na direção do caos?’ escreveu ele.

Naturalmente, um artigo intitulado “O que acha de alguns fatos?” se equivoca em relação a alguns dos fatos mais básicos. A crise não foi provocada pelo incentivo do governo aos lares de baixa renda para que solicitassem empréstimos; trata-se de uma mentira zumbi, e o fato de os funcionários do governo alemão não saberem disso nos diz muito.

Quanto ao restante da crítica: não tenho saudade da fraca regulação fiscal nos EUA. Mas considero preocupante que os alemães ainda pensem que esta crise foi obra dos americanos. A verdade é que a bolha imobiliária europeia era tão grande quanto a americana ou até maior do que ela; não na Alemanha, é claro, mas foram as exportações de capital alemãs que alimentaram as bolhas na Irlanda e na Espanha. Esta crise envolveu o Atlântico Norte, manifestando-se com severidade comparável em ambos os lados do oceano.

Sem dúvida, os EUA pecaram; mas outros países também o fizeram; e a política de extremo rigor que deve ser imposta por Axel Weber caso ele se torne presidente do Banco Central Europeu será um novo pecado, capaz de condenar a Europa a um sombrio futuro de estagnação e deflação.

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Alemanha, BCE, bolha imobiliária, crise financeira, juros, política monetária
Os zumbis já assassinaram a comissão do déficit
21 de junho de 2010 | 15h39

Paul Krugman

A ideia deve ter parecido boa (embora não aos meus olhos): estabelecer uma comissão bipartidária formada por Pessoas Sérias com o objetivo de retomar o controle sobre o orçamento federal.

Mas a comissão já está morta – foi assassinada por zumbis.

O problema imediato está nas declarações de Alan Simpson, copresidente da comissão. O que chamou a atenção dos repórteres foi a combinação entre incrível insensibilidade – ele fala em “pessoas inferiores” – e grosseiros erros factuais.

Na verdade, as coisas são muito piores. Em relação à Previdência Social, Simpson está repetindo uma mentira zumbi – ou seja, uma daquelas declarações equivocadas que, apesar de já ter sido refutada incontáveis vezes, insiste em voltar às discussões.

Mais especificamente, Simpson ressuscitou a velha falácia de que a Previdência Social vai quebrar assim que a arrecadação das contribuições sobre folha de pagamento se tornar inferior ao volume de benefícios pagos, independentemente do superávit na arrecadação registrado nos 25 anos precedentes.

Já nos aprofundamos bastante neste assunto em 2005, mas me parece hora de recuperar a explicação.

A Previdência Social é um programa do governo financiado por um imposto específico. Há duas maneiras de se enxergar isso. Primeiro, pode-se encarar o programa como parte do orçamento federal, e a questão do imposto específico torna-se mera formalidade. Há muito a ser dito a respeito desse ponto de vista; para seus adeptos, os benefícios são um custo federal, a contribuição sobre folha de pagamento é uma fonte de arrecadação, e as duas coisas na verdade nada têm a ver uma com a outra.

Por outro lado, pode-se encarar a Previdência Social como algo distinto. Em termos práticos, isso tem importância considerável; enquanto a Previdência Social ainda dispuser de recursos em seu fundo de pensão não será necessária uma nova legislação para honrar o pagamento dos benefícios prometidos.

Dois pontos de vista, ambos de certa utilidade. O problema é que não se pode alternar entre eles ao bel prazer. Não se pode dizer que nos últimos 25 anos, enquanto a arrecadação da Previdência registrou superávits, isso nada significou porque o sistema previdenciário é apenas parte do governo federal – mas, quando as contribuições sobre folha de pagamento não forem mais capazes de financiar os benefícios, a Previdência Social estará quebrada, mesmo com uma imensa reserva de recursos em seu fundo de pensão.

Pensemos no que realmente acontece quando a arrecadação da contribuição sobre folha de pagamento torna-se inferior ao custo dos benefícios: ABSOLUTAMENTE NADA. Não é necessária nenhuma medida adicional; os cheques não param de ser emitidos.

Assim, o que devemos pensar ao ver o copresidente da comissão ressuscitando uma mentira zumbi? Isso significa que, mesmo no nível de debate mais elementar, das duas, uma: A) ele não está disposto a dialogar com boa fé ou B) os zumbis devoraram o cérebro dele. Em todo caso, não há motivo para dar prosseguimento a essa farsa.

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comissão, contribuição, déficit, fundo, orçamento, previdência social
Fantasias fiscais
18 de junho de 2010 | 15h56

Paul Krugman

É mesmo incrível a velocidade com que está se espalhando a ideia de que uma política de contração fiscal seja de fato capaz de promover uma expansão. Como apontei ontem, a visão panglossiana tornou-se agora a doutrina oficial do Banco Central Europeu.

Mas tal opinião se baseia exatamente em quê? Parcialmente em ideias vagas a respeito de confiança e credibilidade, mas, principalmente, em supostas lições ensinadas pela experiência de países que vivenciaram uma expansão econômica após a implementação de grandes programas de austeridade.

No entanto, se analisarmos tais casos, veremos que cada um deles envolve elementos centrais que os tornam inúteis enquanto precedentes para nossa situação atual.

Eis aqui uma lista de reviravoltas fiscais que deveriam nos servir como modelo de conduta. O que podemos dizer a respeito?

Canadá, 1994-1998: A contração fiscal se deu quando a recuperação já estava encaminhada, com uma forte alta nas exportações, enquanto o Banco do Canadá cortava os juros. Como explica Stephen Gordon, tudo isso significa que a experiência tem poucas lições a ensinar em se tratando de políticas econômicas para situações em que o mundo todo vive uma depressão e os juros já estão no mais baixo patamar possível.

Dinamarca, 1982-1986: É verdade que os gastos particulares registraram aumento – principalmente em decorrência de uma queda de 10% nos juros de longo prazo, situação difícil de reproduzir quando os juros das principais economias se encontram atualmente na casa dos 2% ou 3%.

Finlândia, 1992-2000: É possível implementar uma contração fiscal acentuada numa economia em expansão se houver também indícios da formação de um superávit em conta corrente equivalente a mais de 12% do PIB. Assim, se o mundo todo puder apresentar imensos superávits comerciais, tudo ficará bem.

Irlanda, 1987-1989: Já comentamos este caso. Vamos todos partir para a desvalorização! Além disso, o histórico dos juros irlandeses se assemelhava ao do exemplo dinamarquês.

Suécia, 1992-2000: Outro caso de tendência à formação de superávit comercial.

Como vemos, cada uma dessas histórias afirma que é possível passar por uma contração fiscal sem provocar uma depressão na economia SE os efeitos depressivos forem compensados pela formação de consideráveis superávits comerciais e/ou por acentuadas quedas nos juros. Já que o mundo como um todo não pode avançar para um superávit e como as principais economias já apresentam juros baixíssimos, nada disso é relevante para nossa situação atual.

Ainda assim, tais casos são citados como motivos para não se preocupar com a possibilidade de a austeridade virar lei.

Sabem de uma coisa? Estou preocupado.

Fonte: http://blogs.estadao.com.br/paul-krugman/

sábado, 3 de julho de 2010

Um ano de Radio Corredor...bombando

A burocracia nas compras científicas

Enviado por luisnassif, sab, 03/07/2010 - 09:51
Nos diversos Brasilianas.org gravados sobre inovação, universidade, ciência, a unanimidade absoluta é acerca da burocracia para a importação de equipamentos e produtos científicos.

No caso da genoma, por exemplo, há determinada substância que constam da prateleira dos laboratórios de pesquisa norte-americanos, levam dois dias para chegar aos laboratórios chilenos e setenta dias para os brasileiros. Se quebra uma ampola, a pesquisa é paralisada por até 140 dias.

Uma das propostas centrais será a de constituição de um grupo interministerial (Receita, BC, MCT, CNPq, universidades, institutos) visando desburocratizar a área.

Da Folha

Nova regra dificulta ainda mais importação científica CNPq quer que universidades cuidem do processo, mas falta estrutura

Cientistas dizem que eles mesmos terão de cuidar da burocracia, que inclui até pagar despachante aduaneiro

SABINE RIGHETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O programa de importação do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), chamado Importa Fácil, está dificultando a vida de quem precisa de material de fora do país para fazer pesquisa, argumentam cientistas.

O programa existe desde 2004, mas agora o CNPq começou a transferir às universidades e institutos de pesquisa a responsabilidade pelo processo de importação.

O problema é que as universidades não têm estrutura para fazer isso. Resultado: a burocracia acaba nas costas do próprio cientista, que precisa cuidar até do pagamento do despachante aduaneiro - cuja conta pode representar até um terço do valor do material importado.

"Pode-se ter atrasos de seis meses na pesquisa. Nos EUA e Europa, o suprimento de novos insumos leva um ou dois dias", afirma Jorge Kalil, imunologista da USP.

Kalil teve recentemente um pedido de importação devolvido pelo CNPq. A instituição afirmou que não fará mais importações. "Quem as fará? Eu?" -questiona.

A diretora de administração e financiamento do CNPq, Nívia Wanzeller, explica que a ideia do CNPq é que o processo de compra de material importado seja feito pela universidade ou instituição do cientista.

TREINAMENTO

"Se for preciso, o CNPq oferece treinamento técnico sobre o processo para universidades e instituições de pesquisa", afirma Wanzeller.

O CNPq é a principal instituição nacional que cuida dos trâmites de importação de material de pesquisa. Além dele, as fundações de amparo à pesquisa dos Estados também podem ajudar.

A Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) tem uma equipe que cuida dos processos de importação previstos nos auxílios à pesquisa.

"Nos Estados sem essa estrutura, não imagino como se faz pesquisa", diz a geneticista Mayana Zatz, diretora do Centro de Estudos do Genoma Humano da USP.

As dificuldades aumentam no caso de animais vivos (como ratos para experimentos), material biológico (como DNA) e de material que precisa de refrigeração.

"Chegamos a devolver material genético que recebemos como doação no final do ano passado, tamanha foi a burocracia para entrada no país", lembra Zatz.

Conforme o valor do produto importado cresce, os obstáculos também se tornam maiores, e a espera pode chegar a seis meses.

Os reflexos dos entraves na importação são piores na área da saúde. De acordo com Zatz, para que as pesquisas não sejam interrompidas, muito material é importado com antecedência, o que atrapalha o armazenamento.

"São meses para conseguir trazer material para pesquisa. Quando chega, não sabemos se está em boas condições", reclama ela.

AGÊNCIA PRÓPRIA

Zatz e Kalil estão liderando um grupo de cientistas que quer propor mudanças nas condições de importação. A ideia é tratar dos entraves, das regras da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e da criação de estrutura nas universidades para coordenar os pedidos.

"Cada instituição deveria ter algo como as atuais agências de inovação das universidades estaduais paulistas, para cuidar da captação e administração dos recursos para importação", analisa Zatz. "É o que existe em todas as universidades americanas."

Fonte:http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/a-burocracia-nas-compras-cientificas#more

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Informação por trás da noticia

Enviado por luisnassif, qui, 01/07/2010 - 08:51

O jornalista Merval Pereira é amigo da vereadora Andréa Gouvea Vieira. Se não me engano, são contraparentes. Ambos fazem parte da militância carioca mais aguerrida do governador José Serra, que se junta em torno do Márcio Fortes e do Ronaldo César Coelho. Ontem, Andréa fulminou o Índio da Costa com acusações de manipulação de licitação de merenda escolar. A blogosfera repercutiu e a militância petista espalhou. O que fazer: fulminar os críticos de Índio e atingir a amiga Andrea ou apoiar a amiga Andrea e dar razão aos críticos de Índio?

Ficou assim:

"E nem mesmo as acusações contra ele levantadas pela CPI da Merenda Escolar, na Câmara de Vereadores do Rio, são conclusivas a ponto de alguém poder afirmar que ele não tem a ficha tão limpa assim como querem alardear os tucanos e democratas.

Só mesmo militantes energúmenos utilizam tais argumentos.

Mesmo que as coincidências entre os preços oferecidos pela fornecedora vencedora nas licitações, quando Indio da Costa era secretário de Administração da prefeitura do Rio, sejam bastante estranhas.

Sem ter, teoricamente, informações sobre os outros preços, a fornecedora sempre apresentou descontos quando tinha concorrentes, mantendo o preço cheio naquelas licitações em que ninguém disputava o fornecimento.

Foi como acertar na MegaSena, comenta a vereadora do PSDB do Rio Andrea Gouvêa Vieira, relatora da CPI."

Lembra o famoso telegrama de José Carlos de Macedo Soares (interventor em São Paulo) a Getúlio Vargas, para anunciar a entrada do estado na revolução de 32. Depois de falar da fibra e da honra do paulista, terminava assim: "Minha esposa manda lembranças para dona Darcy".

De O Globo

Comédia de erros

Merval Pereira

A sucessão de trapalhadas que levou à escolha equivocada do deputado federal do DEM Indio da Costa como companheiro de chapa do tucano José Serra só demonstra como o PSDB não está preparado para uma disputa que poderia ser difícil para o governo — mesmo com toda a máquina voltada para a tarefa de eleger Dilma Rousseff, geralmente de maneira ilegal —, mas está sendo facilitada pelos erros do adversário.

A escolha do vice de Dilma recaiu sobre o presidente do PMDB, Michel Temer, o que garantiu a unidade do partido e preciosos minutos de televisão.

Os defeitos e as eventuais virtudes do deputado não fazem a menor diferença neste jogo em que o pragmatismo político prevalece para somar alguma coisa à candidatura principal.

Indio da Costa, em seu primeiro mandato federal, supostamente foi escolhido por ser jovem e ter sido o relator do projeto Ficha Limpa, o que lhe daria uma boa imagem junto ao eleitorado.

Uma jogada marqueteira simplória, pois sua história política não tem a menor consistência para alçálo ao segundo posto mais importante na hierarquia política do país.

Nem ele parece preparado para assumir a Presidência da República em caso de necessidade, que é, afinal, para o que servem os vice-presidentes no Brasil.

Fora disso, precisam "não trazer a porrinhação", na definição do próprio Serra.

Não tem a menor importância o fato de ele ter sido genro do banqueiro Cacciola, como berram os militantes petistas na internet.

E nem mesmo as acusações contra ele levantadas pela CPI da Merenda Escolar, na Câmara de Vereadores do Rio, são conclusivas a ponto de alguém poder afirmar que ele não tem a ficha tão limpa assim como querem alardear os tucanos e democratas.

Só mesmo militantes energúmenos utilizam tais argumentos.

Mesmo que as coincidências entre os preços oferecidos pela fornecedora vencedora nas licitações, quando Indio da Costa era secretário de Administração da prefeitura do Rio, sejam bastante estranhas.

Sem ter, teoricamente, informações sobre os outros preços, a fornecedora sempre apresentou descontos quando tinha concorrentes, mantendo o preço cheio naquelas licitações em que ninguém disputava o fornecimento.

Foi como acertar na MegaSena, comenta a vereadora do PSDB do Rio Andrea Gouvêa Vieira, relatora da CPI.

Os resultados da CPI estão no Ministério Público.

O mais grave na escolha deste deputado federal de primeiro mandato é que ele não agrega um voto sequer à candidatura de Serra no Rio de Janeiro.

Como parte do grupo político do ex-prefeito Cesar Maia, ele foi "prefeitinho" de Jacarepaguá, assessor do gabinete do prefeito antes de ser secretário de Administração.

Eleito vereador três vezes, em 2006 chegou à Câmara.

Qualquer influência eleitoral que tenha está contabilizada no apoio que o DEM dá no Rio à candidatura Serra, em troca de o ex-prefeito Cesar Maia ser o candidato ao Senado da coligação.

A presença de Maia na chapa, aliás, já provocou uma crise com o Partido Verde, e, agora, o reforço de seu grupo na coligação está provocando reações na bancada do PSDB, onde se acusa o presidente do DEM, Rodrigo Maia, de ter trabalhado por essa solução para se livrar de um concorrente na disputa por vagas para deputado federal do Rio.

Concorrente, aliás, com quem não se dá bem politicamente, justamente pela disputa de espaço político.

Da mesma maneira que aconteceu com o hoje prefeito do Rio, Eduardo Paes, que fazia parte do mesmo grupo político de Cesar Maia nos primórdios do primeiro governo na prefeitura do Rio.

Paes começou como "prefeitinho" de Jacarepaguá e terminou secretário no mesmo grupo de Índio da Costa.

Ontem, ao saber da escolha, Paes, que ainda mantém relações cordiais com José Serra desde que foi secretáriogeral do PSDB, mostrou-se espantado.

Foi visto às gargalhadas no Palácio da Cidade.

Como contraponto, talvez Serra tenha acertado com um público que não está muito ligado na política tradicional, a quem o jovem Indio da Costa se ligou durante a campanha da Ficha Limpa através dos novos meios de comunicação, como a internet, o Twitter, o Facebook.

Há quem tenha gostado, porque a escolha surpreendeu; porque ele tem uma "cara" de político diferente de todas as que estão aí; porque tem por trás milhões de assinaturas favoráveis a uma volta a valores éticos; porque é a cara do Rio e acena com uma "terceira via".

Foi o rolo compressor do governo, que atuou a todo vapor na madrugada para evitar que o senador Osmar Dias, do PDT, fechasse um acordo no Paraná com a oposição, que, paradoxalmente, salvou a aliança PSDB/DEM e evitou que José Serra ficasse sem 3 minutos e tanto de tempo de propaganda eleitoral no rádio e na televisão — o que praticamente inviabilizaria sua candidatura à Presidência.

O apetite do presidente Lula é tamanho que nem mesmo o pequeno (em termos de tempo de propaganda) PSC escapou.

Tendo feito um acordo, meses atrás, para apoiar a candidatura do tucano Serra, o presidente do Partido Social Cristão (PSC), pastor Everaldo, foi cooptado pelo governo sabe-se lá com que argumentos, além do puro imediatismo esperto diante dos números das últimas pesquisas que apontam a candidata oficial Dilma Rousseff à frente.

Tanto esforço de última hora para ganhar apenas 18 segundos de televisão demonstra bem como o governo pretende reduzir ao máximo a chance de a oposição ter condições de disputar a sucessão de Lula.

E conta com os erros do adversário, assim como, hoje, a sorte da candidatura de Serra depende muito mais dos erros da candidata oficial e seus "aloprados".
Fonte: http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/da-serie-indio-faz-colunista-sofrer

EAD Radio Corredor - Como escolher um vice

01/07/2010-08h15
Serra transforma escolha de seu vice em processo de autofagia cibernéticaJOSIAS DE SOUZA
DE BRASÍLIA

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O político profissional não tem medo do escuro. Receia mesmo é a claridade. José Serra subverteu a ordem.

Envolto em atmosfera de volúpia e traição, o presidenciável tucano converteu a escolha de seu vice num striptease autofágico.

A plateia descobriu no imenso telhado de vidro da coligação pró-Serra um inusitado posto de observação.

Até a semana passada, a situação era a seguinte: metade do DEM estava nervosa porque Serra dizia que não tinha um vice e o aliado achava que ele estava mentindo.

A outra metade do DEM estava nervosa porque Serra dizia que não tinha escolhido o vice e imaginava-se que ele não tinha mesmo um nome.

E Serra estava nervoso porque não sabia se dizia que tinha o vice que ainda não escolhera ou se escolhia o vice e não dizia. E vice-versa.

Súbito, o nome do tucano Álvaro Dias veio à luz do modo mais inusitado: uma nota no microblog do presidente do PTB, o deputado cassado Roberto Jefferson (RJ).

Súbito, o DEM, aliado de todas as horas, tornou-se, por assim dizer, um corno cibernético. Com a alcova sob holofotes, Serra portou-se com inocência inaudita. Imaginou que o DEM aceitaria o papel de mulher traída que evita um rompimento em nome da integridade da família.

Esqueceu-se de que lidava com uma sigla que assumiu o poder logo após as caravelas de Pedro Álvares Cabral aportarem em Porto Seguro.

Lançado à oposição por Lula, o DEM (ex-Arena, ex-Frente Liberal e ex-PFL) perdeu prestígio e votos. Mas manteve relativa unidade.

Comparado ao PSDB, uma agremiação de amigos integralmente composta de inimigos, o DEM é um partido razoavelmente coerente.

Suas posições costumam ser conhecidas antes que os filiados levantem o braço numa convenção como a que se realizou ontem, em Brasília.

O DEM avisara há dois meses: sem Aécio Neves, o vice de Serra deveria ser preferencialmente de seus quadros.

Dono de estilo "indiocentrista", Serra imaginou-se capaz de trafegar pela selva de sua coligação com distanciamento de antropólogo.

No Big Brother do tucanato, os morubixabas do DEM levaram Serra não ao paredão, mas ao caldeirão. Obrigaram-no a regurgitar Álvaro Dias e atravessaram-lhe Indio da Costa na traqueia.

De erro em erro, Serra virou uma espécie de bispo Sardinha da era da internet. Em autofagia pública, foi mastigado pelos caetés do DEM à luz do twitter.


Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/poder/759975-serra-transforma-escolha-de-seu-vice-em-processo-de-autofagia-cibernetica.shtml

EAD Radio Corredor - Como escolher um vice

01/07/2010-08h15
Serra transforma escolha de seu vice em processo de autofagia cibernéticaJOSIAS DE SOUZA
DE BRASÍLIA

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O político profissional não tem medo do escuro. Receia mesmo é a claridade. José Serra subverteu a ordem.

Envolto em atmosfera de volúpia e traição, o presidenciável tucano converteu a escolha de seu vice num striptease autofágico.

A plateia descobriu no imenso telhado de vidro da coligação pró-Serra um inusitado posto de observação.

Até a semana passada, a situação era a seguinte: metade do DEM estava nervosa porque Serra dizia que não tinha um vice e o aliado achava que ele estava mentindo.

A outra metade do DEM estava nervosa porque Serra dizia que não tinha escolhido o vice e imaginava-se que ele não tinha mesmo um nome.

E Serra estava nervoso porque não sabia se dizia que tinha o vice que ainda não escolhera ou se escolhia o vice e não dizia. E vice-versa.

Súbito, o nome do tucano Álvaro Dias veio à luz do modo mais inusitado: uma nota no microblog do presidente do PTB, o deputado cassado Roberto Jefferson (RJ).

Súbito, o DEM, aliado de todas as horas, tornou-se, por assim dizer, um corno cibernético. Com a alcova sob holofotes, Serra portou-se com inocência inaudita. Imaginou que o DEM aceitaria o papel de mulher traída que evita um rompimento em nome da integridade da família.

Esqueceu-se de que lidava com uma sigla que assumiu o poder logo após as caravelas de Pedro Álvares Cabral aportarem em Porto Seguro.

Lançado à oposição por Lula, o DEM (ex-Arena, ex-Frente Liberal e ex-PFL) perdeu prestígio e votos. Mas manteve relativa unidade.

Comparado ao PSDB, uma agremiação de amigos integralmente composta de inimigos, o DEM é um partido razoavelmente coerente.

Suas posições costumam ser conhecidas antes que os filiados levantem o braço numa convenção como a que se realizou ontem, em Brasília.

O DEM avisara há dois meses: sem Aécio Neves, o vice de Serra deveria ser preferencialmente de seus quadros.

Dono de estilo "indiocentrista", Serra imaginou-se capaz de trafegar pela selva de sua coligação com distanciamento de antropólogo.

No Big Brother do tucanato, os morubixabas do DEM levaram Serra não ao paredão, mas ao caldeirão. Obrigaram-no a regurgitar Álvaro Dias e atravessaram-lhe Indio da Costa na traqueia.

De erro em erro, Serra virou uma espécie de bispo Sardinha da era da internet. Em autofagia pública, foi mastigado pelos caetés do DEM à luz do twitter.


Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/poder/759975-serra-transforma-escolha-de-seu-vice-em-processo-de-autofagia-cibernetica.shtml