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sábado, 19 de junho de 2010

Sincronicidade...


Complementando o video abaixo

PESQUISA
O que pensam os jornalistas

Heloiza Golbspan Herscovitz

O que pensam os jornalistas que trabalham para os principais veículos de comunicação de São Paulo sobre a profissão em comparação com jornalistas americanos e franceses. Este é o título da pesquisa realizada por mim como parte de dissertação de doutorado pela University of Florida, defendida em maio de 2000. A pesquisa contou também com entrevistas pessoais com vários jornalistas, entre os quais Alberto Dines e Mino Carta, e vários comentários anônimos escritos por participantes da pesquisa nos espaços abertos dos questionários.

Como foi prometido aos jornalistas que participaram da pesquisa, aqui vão alguns resultados do survey conduzido em 1998. Os dados abaixo são pequena parte do estudo que envolveu muitas outras variáveis e comparações entre brasileiros, franceses e americanos a respeito de outros tópicos não mencionados nesse resumo. Os resultados completos serão publicados no meio acadêmico americano e também no Brasil (revista acadêmica Intercom) ainda este ano.

Características demográficas

Foram distribuídos 1.000 questionários aos jornalistas que trabalhavam em maio de 1998 nos seguintes veículos: O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, Gazeta Mercantil, DCI, Veja, IstoÉ, Imprensa, CartaCapital, TV Globo, TV Bandeirantes, TV Cultura, Agência Estado, Agência Folha e Universo Online. Retornaram preenchidos 402 questionários (40,2% da amostra). Desse total, 57,5% são homens (231) e 42,5%, mulheres (171). Eles estão distribuídos por veículo da seguinte maneira: jornais diários, 55%; televisão, 19,4%; revistas, 18,8%; agências de notícias e serviços online, 6,3%.

A média da idade dos jornalistas é 36, sendo que as mulheres são mais jovens (média 34) que os homens (média 38). Aproximadamente 37% dos jornalistas têm entre 25 e 34 anos e 30% têm entre 35 e 44 anos. A maioria (mais de 70%) é original de São Paulo; 11% vieram de estados do Sudeste, como Minas e Rio, 7% vieram do Sul; e 4%, do Nordeste.

Cerca de 73% dos jornalistas se definem como descendentes de europeus. Somente 2,2% se definem como descendentes de africanos e 1,2% como descendentes de povos indígenas. Cerca de 16,1% informaram que têm descendência mista. Cerca de 50,7% se definem como católicos e 31% não têm religião. Além disso, 7% são espíritas, 6,5% judeus, 3.7%, protestantes. Cerca de 47,5% são casados e 41,3%, solteiros.

Na escala esquerda/direita, 65,3% dos jornalistas são de centro-esquerda, com 4,2 de média numa escala de zero a 10, onde zero significa extrema esquerda e 10, extrema direita. A posição de centro-esquerda, no entanto, não se traduz em apoio aos partidos de esquerda. Só 19% dos jornalistas apóiam o PT, por exemplo. Quase 75% da amostra não têm preferência por partido político.

A maioria dos jornalistas tem diploma em Jornalismo ou Comunicação (83,3%) e 6,9% não têm curso universitário. Poucos jornalistas têm curso de pós-graduação: 5,4% têm mestrado.

Preferências

Os resultados confirmaram a hipótese sobre a influência da cultura americana no jornalismo brasileiro. Os jornalistas preferem o inglês (75%) ao francês (26%). O espanhol aparece em segundo lugar: 45% da preferência. A maioria tem interesse em mais de uma língua estrangeira. Quase 59% escolheriam os Estados Unidos se pudessem fazer um curso de pós-graduação no exterior, seguidos pela Inglaterra (18,4%). A França tem apenas 6,6% da preferência. Cerca de 37% escolheriam os Estados Unidos para uma viagem profissional, seguidos pela Inglaterra (14,9 %) e a França (9.7 %). Só 2,1% escolheriam um país latino-americano, e somente 0,2% disseram que viajariam para qualquer lugar do mundo onde estivesse acontecendo um fato "quente".

Em relação à preferência literária (romance, novela, conto), 47,3% dos jornalistas preferem escritores brasileiros, seguidos de escritores americanos (14,7%). Dezessete por cento não têm preferência por nacionalidade nesta área. Os brasileiros são também os autores preferidos de ensaios sobre cultura, sociedade e política (35%), mas os jornalistas preferem americanos ao ler sobre economia e tecnologia (45%). Em cinema, preferem filmes americanos (43,5%), seguidos de mix (26,7%) de filmes de diferentes nacionalidades e europeus em geral (14,7%). Filmes f ranceses são os preferidos por 7,6% dos jornalistas e filmes brasileiros, 2,7%.

Perguntados sobre as publicações estrangeiras que lêem pelo menos uma vez por mês em forma impressa ou via internet, jornalistas apontaram a mídia americana: New York Times (48,8%), Newsweek (38,3%) e Time (38,3%). Em segundo lugar, aparece a mídia britânica: The Economist é lido por 33,3% dos jornalistas e Financial Times, por 24,4%. Le Monde, El País e Clarín são lidos pelo menos uma vez por mês por 22% dos jornalistas.

Cerca de 15,6% dos jornalistas não assistem TV a cabo ou por satélite. Entre os que assistem, 45,3% preferem estações de TV americanas, 37,3% preferem canais americanos e europeus e 1,5% vê somente canais de TV europeus. A CNN é o canal preferido da maioria dos jornalistas que assistem TV a cabo ou satélite.

Satisfação no trabalho

Os brasileiros são os mais insatisfeitos com o trabalho na profissão (11%) comparados a americanos (3%) e franceses (0,4%). Só 17,2% disseram estar muito satisfeitos na profissão, um índice dez pontos abaixo dos americanos (27,3%) e semelhante ao dos franceses (15%). Jornalistas que trabalham em revistas estão mais satisfeitos do que os que trabalham em jornais, televisão e agências de notícias. Jornalistas da Exame estão mais satisfeitos que os jornalistas de outras revistas que participaram da pesquisa. Os jornalistas da IstoÉ estão mais satisfeitos que os jornalistas da Veja. Os jornalistas da Gazeta Mercantil estão mais satisfeitos que os jornalistas da FSP, de O Estado e do Jornal da Tarde. Jornalistas da TV Globo estão mais satisfeitos que os da Bandeirantes e da TV Cultura.

Salário (citado por 76,4%), chance de promoção (69,9%), autonomia (76,4%) e política editorial da empresa (66,7%) são os fatores mais citados como fontes de satisfação profissional. A maioria (90%) pretende continuar na profissão nos próximos cinco anos.

Ética

Em comparação a jornalistas americanos e franceses que responderam às mesmas questões sobre procedimentos éticos no trabalho, os brasileiros que responderam à pesquisa se mostraram muito tolerantes no uso de oito práticas consideradas polêmicas, entre as quais apresentar-se como outra pessoa (61,2% aprovaram, contra 22% dos americanos e 40% dos franceses); importunar pessoas para conseguir informações (75,6% dos brasileiros aprovaram, contra 49% dos americanos e 82% dos franceses); e utilizar microfones e câmeras escondidas (76,6% dos brasileiros aprovaram contra 28% dos americanos). Cerca de 12,4% dos brasileiros aceitam quebrar o sigilo prometido à fonte, contra 5% dos americanos e 4% dos franceses.

Cerca de 60% dos jornalistas não conheciam o código de ética da profissão, 30% conheciam e disseram utilizá-lo no trabalho e 10% conheciam o código, mas não o utilizavam. Entre os que conhecem o código de ética, só 4% concordaram plenamente com a afirmação de que o código está em harmonia com a política editorial da empresa para a qual trabalhavam. Entre os que desconheciam o código ou conheciam mas não o utilizavam (70% da amostra), um terço disse que empregava seu senso ético pessoal no trabalho, e outro terço disse que combinava o senso ético pessoal com as normas da empresa.

{*) Contatos:

Fonte:http://observatoriodaimprensa.com.br/artigos/mo20062000.htm#monitor01

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