Por Gabriel Girnos
Infelizmente pra mim, acho que esse discurso falacioso tem um alcance muito maior do que o que você dá a entender.
Tem uma coisa que eu ando chamando de “consenso frio”.É um consenso mais ou menos inconsciente, que toma aspectos de senso comum e que pode ser mudado facilmente, porque é sobre aquelas questões que as pessoas sabem pouco — como por exemplo, política externa. Porém, assim como pode ser mudado facilmente, esse consenso frio pode ser mantido facilmente, bastando a repetição da mesma lenga-lenga todo santo dia.
Exite uma classe especialmente suscetível a esse consenso: a classe dos consumidores de informação, aqueles que (para si mesmos) se distinguem do “povão” por ler jornais e estarem “informados”, mas que ao mesmo tempo não chegam a ser críticos e analíticos a respeito do que estão lendo.
É dessa classe informada, bem mais ampla do que apenas uma extrema direita encarnecida, que surge o grande número de pessoas dispostas a acreditar em tudo de ruim que se fala sobre um “ignorante” como o Lula, ou sobre os “radicais” da Bolívia.
É para essa classe que a Veja fala, e infelizmente eu acho que ainda surte bastante efeito.
Digo isto como professor universitário: estou cansado de ver como tudo que aparece na grande imprensa repercute nas falas coloquiais de meus colegas, pessoas que fazem parte das parcelas mais instruídas da população e não se vêem absolutamente como “de direita”.
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