Paul Krugman
Brad DeLong e Noah Smith se divertiram com uma postagem bizarra de
Steve Landsburg – ainda mais bizarramente endossada por Alex Tabarrok
– em que Landsburg afirma que não se pode tributar um homem se não se
pode persuadi-lo a reduzir seu consumo.
Há várias coisas erradas nessa proposição, mas a mais fundamental, eu
creio, é que ela representa uma incompreensão notável das razões
porque temos impostos, antes de mais nada. Eles não existem
principalmente como maneira de induzir um menor consumo privado,
embora às vezes tenham esse efeito; eles estão aí para assegurar a
solvência do governo.
Considere-se primeiramente os impostos aumentados por, digamos, o
estado de New Jersey. Chris Christie não me tributa porque quer
reduzir meu consumo; ele tributa porque New Jersey precisa de dinheiro
para pagar suas contas. É verdade que, no curto prazo, se ignorarmos
as restrições legais ao endividamento estadual, ele pode gastar mais
do que o estado recebe de impostos; no longo prazo, porém, o estado
precisa arrecadar, de uma maneira ou de outra, uma receita suficiente
para pagar seus gastos.
Será que a mesma coisa vale para o governo federal? Bem as autoridades
federais têm o Fed (o Federal Reserve, banco central americano), que
pode imprimir dinheiro. Mas há limitações para isso também – elas não
são tão agudas como as limitações a governos que não podem imprimir
dinheiro, mas uma dependência excessiva da máquina impressora conduz a
uma inflação inaceitável. (Sugere o pessoal da Teoria Econômica
Moderna – mas após várias discussões, eu ainda não entendo como eles
contornam a questão de limites à senhoriagem.)
De modo que os impostos dizem respeito, primeiro e sobretudo, a pagar
pelo que o governo compra (não diga!). É fato que eles também podem
afetar a demanda agregada e isso pode ser uma coisa que se queira
fazer. Mas essa realidade é uma questão secundária.
E me permitam dizer que agora é um momento particularmente peculiar
para achar que os impostos só servem se reduzirem o consumo. Temos
muita capacidade ociosa na economia; o governo pode facilmente comprar
mais bens e serviços sem requerer que o setor privado compre menos. A
única razão para aumentar impostos agora, ou prometer aumentos
futuros, é enfrentar preocupações com solvência.
Discussões como essa realmente me perturbam; elas indicam que há muita
gente com doutorado em economia que pode gastar muito "economês", mas
na hora da verdade não têm um quadro coerente sobre como juntar as
peças.
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